Como indústria da beleza resiste diante dos obstáculos econômicos
Os centros e clínicas especializadas espalharam-se no mercado, conquistando consumidores com procedimentos inovadores
Victória Vieira
Diante da crise no mercado de trabalho em decorrência da inflação, diversas áreas estão passando por dificuldades, seja no comércio ou não, empresas de todo tipo estão tendo que lutar para resistir à crise econômica. Entretanto, mesmo com o cenário não apresentando boas visões lucrativas, o mercado de saúde estética tem se mostrado cada vez mais empenhado no faturamento. De acordo com dados levantados pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), no Brasil as empresas de estética faturam cerca de R $168,07 bilhões ao ano.
Todo esse lucro está atrelado ao desejo e influência das pessoas midiáticas e, é claro, os parâmetros impostos para alcançar a beleza ideal, sendo as questões principais: autoestima e vaidade. Inúmeras pessoas estão procurando meios de se sentirem bem com a sua aparência. Essa situação é o que move a área da estética e, consequentemente, triplicou o mercado nos últimos anos, abrindo espaço para aqueles que procuram uma forma de crescer por meio de uma clínica ou na oportunidade de trabalhar com estética.
Novos mercados
Para o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o grande potencial está na profissão da estética, em destaque aqueles que são micro e macroempreendedores. Os centros e clínicas especializadas espalharam-se no mercado conquistando consumidores com procedimentos inovadores.
Esse é o caso da biomédica Aline Vizioli. A profissional administra uma clínica em Manaus e conta que a sua vida mudou completamente em 4 anos depois que ela fundou a sua própria empresa.
A partir do momento que eu cheguei em Manaus e comecei a trabalhar para clínicas de procedimentos estéticos, eu comecei a fazer o meu nome, ser conhecida pelo meu trabalho e quando veio a necessidade de crescer e expandir, eu quis investir no meu próprio negócio. Apesar de ser trabalhoso e cansativo, é bem mais gratificante ter seu próprio empreendimento, o lucro que eu tenho hoje nem se compara com o que eu ganhava antes trabalhando para outras pessoas”, relata.
Com o sonho de crescer, a biomédica descreveu que iniciou a sua jornada como manicure e hoje lidera uma equipe de três biomédicos em sua clínica, com um espaço maior e clientes fiéis. “A vontade de crescer ainda é grande. Daqui 5 anos pretendo estar mais especializada, com mais pessoas trabalhando na clínica e, claro, em um espaço maior e com mais procedimentos para atender meus clientes”, disse.
Cirurgia versus procedimentos estéticos
Com o surgimento das clínicas esteticistas, a procura por cirurgias diminuiu. É importante ressaltar a diferença entre termos, pois muitas pessoas confundem e não são caracterizados pela mesma função. De acordo com Beatriz Benevides, cirurgias plásticas modificam e reparam alguma estrutura do corpo, já os procedimentos estéticos estão ligados apenas na melhoria da aparência, sem precisar entrar em procedimentos intensos.
“Estes tipos de cirurgias devem ser feitos por cirurgiões plásticos com capacidade e qualificação para determinado tipo de procedimento. Portanto, é importante procurar se informar sobre ele antes de se submeter a um procedimento”, alerta. “O paciente deve ter a consciência de que a cirurgia plástica não é um tratamento de beleza, mas sim um procedimento cirúrgico, com todos os riscos que uma cirurgia acarreta, sendo imprescindível que a paciente esteja bem preparada, com todos os exames pré-operatórios em dia”, enfatizou.
Procedimentos estéticos são realizados por biomédicos estetas, tendo em vista a responsabilidade e conhecimento com base na grade curricular profunda, em comparação a outras especializações de diversos profissionais da área.
Custo e benefício
A discussão do crescimento dos Centros Estéticos entra em vigor no fato do custo e benefício de consumidores. A procura por esses procedimentos se dá porque é mais barato do que fazer cirurgia. O investimento é mais econômico e as vantagens se mostram mais eficientes na recuperação.
Uma dica para quem quer entrar verdadeiramente no mercado é focar em estudos relacionados à área de gerência, estando atento ao que a empresa pode melhorar para alcançar novos ramos lucrativos. Afinal, a indústria de beleza movimenta bilhões por ano.
“O mercado teve um aumento enorme em abertura de espaços de beleza, porém muitos antigos salões estão fechando suas portas. Na área de serviços, o mercado teve queda de 20%. A esperança é de que melhorem, pois hoje temos um aumento significativo nas clínicas de estética”, disse a presidente do Sindicato Patronal Ligado à Federação do Comércio, Antônia Moura.
Consequências
Estar bem consigo mesmo é algo primordial para o ser humano. A busca pela perfeição, tanto nas redes sociais quanto no mundo real, virou uma questão de necessidade. Os filtros do Instagram priorizam um rosto fino. Consequentemente, as ilusões de imagem induzem as pessoas a procurar os centros estéticos e fazer os procedimentos até alcançar a aparência desejada, a partir da imagem que os filtros criaram para as pessoas.
Os principais pedidos são em harmonização facial, preenchimento labial e botox. A realização é feita com técnicas e produtos que apresentam o objetivo tratar as insatisfações estéticas e funcionais da face.
Porém, a exacerbação traz consequências e mostra um resultado contrário do esperado, o famoso “pillow face” (descaracterização da fisionomia de pacientes, rostos volumosos, artificiais e desarmônicos).
“A beleza está em nós e ao compreender toda arquitetura facial conseguimos melhorar áreas específicas, respeitando a identidade do paciente, buscando equilíbrio entre expectativas e limites”, descreve Márcia Ferraz, cirurgiã dentista especializada em harmonização orofacial.