Queda no faturamento atinge 60% dos pequenos negócios
As vendas on-line devem continuar em alta e o atendimento híbrido tende ser a realidade dos microempreendedores
A pandemia da Covid-19 deixou diversos microempreendedores desamparados, principalmente os individuais. Pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, em média, 59% das empresas ainda sofrem com a redução dos ganhos. Nos microempreendedores individuais (MEI) essa porcentagem atinge 62%, contra 53% entre as micro e pequenas empresas (MPE).
No entanto, de acordo com o estudo, os donos de pequenos negócios têm mostrado resiliência ao longo dos últimos anos para enfrentar os diversos impactos trazidos pela pandemia da Covid-19. Apesar da reabertura dos estabelecimentos físicos, as vendas on-line devem continuar em alta e o atendimento híbrido tende a ser a realidade dos pequenos negócios. O levantamento mostra que os MEI aderiram mais ao uso de ferramentas digitais para vender, com 72% utilizando redes sociais, aplicativos ou internet. No caso das MPE, esse índice é de 70%.
A empreendedora Milena Santana, que abriu um negócio na área de vestuário, tem investido bastante na divulgação de seus produtos pelas redes sociais. “Nós estamos dedicando tempo ao negócio, sempre presentes nas nossas redes sociais, alcançando o nosso público através do Instagram”, aponta.
A loja fornece roupas femininas no atacado. As peças são fabricação própria e vendida para revendedores. “Demorou 6 meses desde que decidimos entrar nesse ramo. Foi preciso legalizar tudo através do Mei, fazer o CNPJ a inscrição estadual para emitir as notas fiscais, entre outras”, explica.
Mesmo com as dificuldades, Milena conta que tem sido uma experiência bastante positiva. “Exatamente do jeito que eu queria. Não é fácil, mas por não desistir, conseguimos iniciar o nosso empreendimento e tem dado um resultado muito bom”, finaliza.
Presencial e on-line
Também empreendedora, Rayssa Oliveira Assis tem conseguido vender as roupas de sua lojinha pela internet e, recentemente, começou a vender presencialmente em uma feira da Capital. Segundo ela, a vida de empreendedora é bastante desafiadora, já que diariamente aparecem surpresas.
“Há muita concorrência e se você não se adaptar pode ficar pra trás. Por outro lado, tem sido bastante satisfatório, pois eu descobri um lado criativo. Isso faz com que seja o meu diferencial e tenho atraído novos clientes a cada dia. Agora, por exemplo, eu comecei a fazer feiras onde as pessoas podem conhecer de perto o meu produto, atraindo assim muitos clientes”, revela.
Perdas
O levantamento, feito entre 25 de abril e 2 de maio de 2022, mostra também que as perdas são em média de 23%. Desde meados do ano passado, o Sebrae tem observado um movimento de recuperação das perdas. No entanto, os impactos da pandemia pesam mais sobre as contas do MEI do que sobre as das MPE. Enquanto os microempreendedores individuais ainda enfrentam perdas de 29%, as micro e pequenas empresas sofrem com redução de 14% no faturamento.
Quando o assunto são as dívidas, 65% dos donos de pequenos negócios estão com o caixa comprometido, mas as MPE estão mais endividadas do que os MEI. São 73% das micro e pequenas empresas com débitos pendentes contra 60% dos MEI com contas para pagar. Apesar disso, a renda dos microempreendedores individuais está mais comprometida nesse quesito. Em média, 59% dos pequenos negócios têm mais de um terço de seus custos mensais afetados por dívidas, sendo que entre os MEI essa porcentagem é de 67%. No caso das MPE, são 48% na mesma situação.
A pesquisa também apresenta que a busca pelo crédito varia entre os pequenos negócios, apesar de se manter praticamente estável ao longo dos últimos meses. Os MEI têm recorrido menos aos financiamentos e, quando o fazem, são os que têm mais recusas das instituições financeiras. Enquanto 42% dos microempreendedores individuais buscaram empréstimos, 61% das micro e pequenas empresas solicitaram uma ajuda financeira de terceiros. Entre as MPE, 70% conseguiram o crédito contra 41% dos MEI.
Perspectivas
Aos desafios trazidos pela pandemia da Covid-19 somam-se outras preocupações na cabeça do empreendedor, como a alta de inflação e dos juros que impactam os custos das empresas. Questionados sobre o futuro dos negócios, em média, 41% dos donos de pequenos empreendimentos responderam que ainda têm muitas dificuldades para manter o negócio. Os MEI consideram-se mais aflitos (44%), enquanto 37% das MPE avaliam que o seu estado de espírito ainda é de preocupação com o futuro.
Pior do país
Além disso, Goiânia é a pior capital do país para abrir uma empresa devido a diversas burocracias, aponta levantamento feito pelo Doing Business Subnacional Brasil 2021, do Grupo Banco Mundial. De acordo com a pesquisa, entre todos os estados, é mais trabalhoso em Goiás, onde o processo envolve 16 procedimentos, 21 dias e 5,1% da renda per capita.
No Estado, são necessários quatro procedimentos adicionais de pré-registro e pagamentos: a obtenção do documento de Uso do Solo (e realizar seu pagamento) e o documento de numeração predial oficial (e realizar o pagamento) na prefeitura. Além disso, os requerentes devem atestar que o endereço da empresa é adequado para a atividade comercial proposta.