Geração Z e TikTok desafiam sistemas de buscas
As mídias sociais provocaram uma das maiores ondas disruptivas nas comunicações da humanidade
Carol Junqueira
As mídias sociais provocaram uma das maiores ondas disruptivas nas comunicações da humanidade, somente comparadas, talvez, à invenção da prensa por Gutenberg. Na época, a possibilidade de reprodução rápida de livros e outros conteúdos incentivou a alfabetização e estimulou o surgimento de escolas ao redor do mundo. A circulação de informações levou a humanidade a um novo patamar de conhecimento.
É verdade que o rádio e a televisão também impactaram os processos de comunicação e a forma de atuar dos comunicadores. Todos foram obrigados a se adaptar à linguagem dessas novas mídias. Assim também ocorreu com o surgimento da internet no final dos anos 1980. As novas mídias digitais apresentaram caráter disruptivo e trouxeram grandes desafios para a comunicação e para os comunicadores. A situação agora parece ser um pouco mais desafiadora.
Ao dar a cada indivíduo o poder de falar diretamente com milhões de pessoas, as mídias sociais quebraram toda a lógica da comunicação que vigorou por mais de cem anos, sempre mediada pelos meios de comunicação e centrada em poucos veículos.
Mesmo para as tecnologias nascidas já na era digital como, por exemplo, os sites de buscas, que foram decisivos para viabilizar a internet da forma que a conhecemos, existe uma nuvem de incertezas se formando no horizonte provocada pelas mídias sociais.
Dias atrás, navegando no TikTok, a mídia social típica da geração Z, eu me deparei com uma postagem de uma usuária que fazia o seguinte comentário: “Gente, algum de vocês ainda usa o Google para fazer buscas?”. Oi? Como assim “ainda”? Existe outra ferramenta que está ameaçando a liderança da gigante das buscas?
A verdade é que, sim, existe. É a geração Z, formada pelos nativos digitais nascidos neste século, que se habituou a buscar informações sobre serviços e produtos – não mais em pesquisas na internet ou nas fontes tradicionais de informação. Pelo contrário, sua preferência é se informar com base no que outros usuários, que nem sempre são famosos, dizem ou opinam.
Para a geração Z, a opinião de quem eles conhecem, ou consideram conhecer, é o que vale, seja ela qual for. Pelo fato de os influenciadores trabalharem com publis, existe a possibilidade de o profissional talvez nem conhecer realmente o produto – ou não usar. Mas uma pessoa que não ganha a vida com isso não teria motivo para mentir. Por isso, a opinião e a experiência dela são valiosas.
Era sobre isso que a usuária falava. Para ela, não fazia sentido buscar informações em outro ambiente que não as mídias sociais. É uma tendência que parece estar chegando com uma força expressiva. Isso não passou despercebido por um dos gênios do SEO e que é um dos nomes mais respeitados do mundo em marketing digital: Neil Patel. Bem no estilo TikTok, Patel gravou um vídeo de 30 segundos no qual ele sugere que essa mídia, adorada pela geração Z, tem potencial para assumir, em breve, a liderança em buscas, justamente pelo comportamento de seus usuários.
É ainda difícil mensurar como esse novo comportamento irá impactar nos sites de buscas, mas tenho certeza de que o futuro será focado cada vez mais na qualidade de conteúdo criado. E eu não digo isso pensando em conteúdos complexos e caros, mas sim na qualidade deles independentemente de grandes investimentos. De forma criativa e autêntica, é possível engajar pessoas se o objetivo for gerar conhecimento e não apenas vender algo.
Seguramente, esse novo modelo representará desafios imensos para as equipes, ainda mais as de SEO. Nós estamos assistindo emergir uma nova disrupção nos sistemas de buscas. E aí, a sua empresa está preparada?
Carol Junqueira é gerente de marketing e cultura de startup focada no mercado digital