Venda de e-books cresce no Brasil consolidando hábito da pandemia

Com mais pessoas dentro de casa, o período antes dedicado ao deslocamento pôde ser empenhado a outras atividades, como a leitura.

Postado em: 27-07-2022 às 08h06
Por: Mariana Fernandes
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Em 2021, foram mais de 55 milhões de cópias de livros vendidos, crescimento de quase 30% comparado ao ano anterior | Foto: Reprodução

Durante o isolamento social, em virtude da pandemia, o mercado editorial apresentou um inesperado e significativo crescimento. Com mais pessoas dentro de casa, o período antes dedicado ao deslocamento, pôde ser empenhado a outras atividades, como a leitura. Neste contexto, o consumo de livros em formatos digitais como os e-books e os audiolivros também deslanchou. Muitos dos que diziam não haver ’tempo para ler’, agora desfrutam de forma virtual dos livros, quando e onde quiser.

Em 2021, foram mais de 55 milhões de cópias de livros vendidos, crescimento de quase 30% comparado ao ano anterior. Mesmo com os efeitos da pandemia reduzidos e o retorno as suas rotinas ‘normais’, o mercado ainda continua aquecido. Com a contribuição de livrarias exclusivamente virtuais no país, a modalidade empata com a modalidade de livraria física, em 30%.

De acordo com a pesquisa Produção, Vendas e Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, coordenado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o movimento é de expansão e deslanche de vendas. Para o presidente do SENEL, Dante Cid, no digital, ‘’ há expectativa de um grande crescimento na participação do e-book nas vendas totais não se concretizou, apesar do significativo avanço nominal’’.

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O faturamento total, esmiuçado entre as vendas de e-books, audiolivros e outras plataformas digitais, registrou um acréscimo nominal de 23% e de 12% em termos reais, significando 180 milhões de reais em 2021, contra os 125 milhões de 2020. Os dados da pesquisa de Conteúdo Digital, também revelam que os livros de Obras Gerais, religiosos, de romance e de CTPs (Científicos, Técnicos e Profissionais) são os mais procurados entre os leitores.

Alguns pesquisadores também explicam que o crescimento de leitores em CTPs (artigos científicos, técnicos e profissionais) não se deu apenas por robe, mas que durante a pandemia, muitos leitores se aprofundaram em conhecimento técnico para se destacarem no mercado de trabalho.

O mercado de livros se adaptou às mudanças e proporcionou que muitos leitores ’adormecidos’, retornassem ao hábito. Livrarias que antes funcionavam apenas de forma física passaram a contemplar o e-commerce no negócio. De outro lado outras fecharam de forma definitiva e optaram pelas vendas online de forma exclusiva.

“O desenvolvimento técnico e a sofisticação dos dispositivos de leitura, que proporcionam uma experiência semelhante à de um livro real, são os principais fatores que impulsionam o mercado global de e-books”. Além disso, “a crescente adoção de smartphones e recursos multilíngues é uma vantagem que deverá impulsionar a demanda”.

Eventos literários contribuem para maior venda de livros

Alguns escritores e amantes da literatura também contribuem com eventos literários para o recolhimento de livros que estavam esquecidos. As feiras trazem aos livros, vida, e os proporcionam novos donos. De forma virtual, a modalidade também pode ser aderida, desde que, os proprietários disponibilizem ou vendam seus e-books.

Eventos como a Feira do Livro têm feito sua contribuição. Em Goiânia, a feira acontece nos shoppings. No local, o público encontra mais de dois mil títulos de diferentes categorias, entre elas infantis, clássicos, biografias, romances, geeks e culinários, com preços a partir de R$ 5. O espaço também oferece uma programação cultural gratuita, com pocket show musicais, contação de histórias e apresentação de fantoches para encantar o público local.

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Para Paulo Wenerck, organizador da Feira do Livro, não é possível haver um país melhor sem a leitura, e explica “Você não tem nenhum país desenvolvido, nem economicamente, nem do ponto de vista democrático, que não tenha um mercado de livros forte. Isso está na Europa, nos Estados Unidos, no Japão. O livro não é só aquele objeto que se fecha para um pequeno clube, é uma maneira de a sociedade refletir sobre seus próprios problemas e encontrar soluções.” E chega a não ser o único. A leitora Roberta Paixão, também comenta que sua ideia de criar um negócio no mercado editorial, provém do seu encanto pela literatura e da parceria que obteve com sua sócia. Logo no inicio da pandemia, a loja teve de ser fechada, mas com o retorno, as vendas alavancaram e os clientes não diminuíram sua procura. “Temos tido eventos com muito sucesso, com pessoas vindo, prestigiando os autores que vêm assinar os livros. Enfim, está tendo uma retomada bem bonita, mesmo”.

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