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sábado, 23 de novembro de 2024
Investigação

Vírus Langya infecta 35 pessoas na China e acende alerta

Um estudo publicado no New England Journal of Medicine, foi anunciado que o novo patógeno, o Langya henipavirus (LayV), foi identificado em 35 pessoas

Postado em 10 de agosto de 2022 por Alexandre Paes

Há quase dois anos, um grupo de pesquisadores já acompanhava, também na China, a evolução de um vírus que começava a infectar humanos. Agora, em um estudo publicado no New England Journal of Medicine, foi anunciado que o novo patógeno, o Langya henipavirus (LayV), foi identificado em 35 pessoas nas províncias de Shandong e Henan. O vírus Langya causa alguns sintomas similares à primeira fase da covid-19, como febre alta, cansaço e tosse.

Os pesquisadores, liderados por Xiao-Ai Zhang e Hao Li, ambos do Instituto de Microbiologia e Epidemiologia de Pequim, informaram que as amostras coletadas no estudo eram muito pequenas para determinar se há ou não a transmissão de humanos para humanos, mas eles não descartam essa hipótese.

Segundo autoridades de saúde chinesas, os pacientes não tiveram contato próximo entre eles, o que sinaliza que as infecções humanas podem ser esporádicas. A equipe acompanhou, entre abril de 2018 e agosto de 2021, pacientes de hospitais populares da China, com o intuito de realizar triagens em doenças zoonóticas (transmitidas de animais para humanos) suspeitas. Pessoas com febre aguda (acima de 38°C) e um histórico de exposição animal dentro de um mês antes do início das complicações foram recrutadas para o estudo.

Exames de sangue e de secreções da garganta indicaram o novo vírus. Existem outros dois patógenos do mesmo gênero, o Hendra henipavirus (HeV) e o Nipah henipavirus (NiV), que têm alto grau de letalidade em casos de infecção grave. Nos casos apresentados no New England Journal of Medicine, não houve óbitos nem complicações críticas. Os sintomas apresentados pelos infectados foram febre (100% dos pacientes), fadiga (54%), tosse (50%), anorexia (50%), dores musculares (46%), náusea (38%), cefaleia (35%) e vômitos (35%).

No artigo eles ressaltam que se trata de uma “descoberta que merece investigação adicional para entender melhor a doença humana associada”, sinalizando a importância de se manter em alerta para evitar uma nova epidemia. Werciley Júnior, coordenador de infectologia do Hospital Santa Lúcia, tem opinião semelhante a dos pesquisadores. “O novo vírus está restrito a regiões da China, mas pode chegar a outras partes do mundo”, justifica.

Testes em 25 espécies de animais selvagens sugerem que o musaranho (um mamífero parecido com camundongos) pode ser um reservatório natural do LayV. Há também casos de infecções em animais domésticos, como cães, e cabras de alguns infectados.

É a primeira vez que o LayV é identificado em humanos. Por isso, não há tratamento específico para essa infecção. No caso dos outros henipavírus, há terapias em investigação. Pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicaram em março que descobriram detalhes sobre como o Nipah e o Hendra atacam as células e as respostas imunes que tentam combater essa infecção, abrindo espaço para novas frentes terapêuticas, incluindo vacinas.

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