Pandemia aumenta busca por terapia e inovação mercado
Novos formatos de atuação para atender à demanda exigiram dos especialistas espírito empreendedor, que chegaram para ficar
A pandemia deixou os brasileiros mais ansiosos e mais deprimidos e, aumentou de forma significativa a procura por atendimento em serviços de saúde mental desde a rede pública há privada. Alguns especialistas enfatizam que o efeito negativo do prolongamento do isolamento social e o agravamento da Covid-19 no país, fez com que a procura por profissionais aumentassem.
A pesquisa da Ipsos para o Fórum Econômico Mundial realizada com 30 países, mostra que o Brasil é o quinto país onde os entrevistados mais sentiram uma piora na saúde mental no último ano, e que 53% dos entrevistados afirmaram que sua sanidade mudou para pior desde o ápice da pandemia. Só em São Paulo, a procura por profissionais aumentou em quase 120%.
Os relacionamentos pessoais, as atividades físicas, os passeios a parques e shoppings também foram interrompidos. A pesquisa aponte que muitas pessoas tiveram mais dificuldade para o retorno às atividades normais. Os impactos da pandemia no ambiente doméstico, na escola e nas relações sociais, além das barreiras ao processo de aprendizagem são alguns dos pontos que mostram o quão difícil foi esse período.
Para a psicóloga Leidiane Martinez, a profissão tomou um novo patamar devido a pandemia. “A situação atual exige que redobremos os esforços de cuidados individuais para um maior bem-estar. Isso reflete-se numa maior busca por profissionais que podem ajudar, como os psicólogos. É indispensável que todos entendam que é preciso manter os cuidados com a saúde”, comenta.
Segundo a profissional, a pandemia fez com que mais pessoas buscassem atendimento, sendo que o crescimento atingiu todos os tipos de problemas. “Desde relacionamento, passando por questões familiares e até assuntos relacionados ao trabalho. Essas são algumas das principais queixas de quem têm nos procurado para apoiar e ajudar nesse momento delicado”, destaca.
Muitos psicólogos notaram que hoje, a agenda está mais estabilizada do que no início da pandemia. O perfil daqueles que buscam terapia também mudou. Antes, a procura acontecia no estilo “pronto-socorro”, em que pacientes precisavam ser ouvidos com urgência, agora a procura é realizada com mais frequência e os pacientes se sentem ainda mais dispostos a se tratar.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), pesquisas sobre ‘’saúde mental’’, e ‘’ansiedade’’ cresceram 90%. As filas de espera por profissionais também estão mais longas, além da dificuldade em atender à demanda de pacientes.
Com agendas lotadas e pacientes desesperados, especialistas analisam que, aos poucos, os pacientes estão começando a deixar o modo “sobrevivência biológica” de lado e passaram por um momento de reflexão sobre o que mudou nos últimos dois anos. É o momento de refletir os lutos, e superar as dificuldades aos quais viveram.
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Cenário de oportunidades
Foi pensando nas sequelas do isolamento e na luta dos profissionais psíquicos, que a psicóloga Nadia Santana, de 45 anos, explica que com a pandemia foi possível flexibilizar seu modelo de mercado. Anteriormente, a profissional trabalhava atendendo pacientes apenas de forma presencial, com a pandemia, Nadia se viu atuante em um mercado promissor.
Com a flexibilidade em atoar com atendimentos onlines, a psicóloga explica que foi possível conciliar a criação de novos projetos, além de enfatizar a importância da procura por um profissional especializado. ‘Aproveitei o tempo livre e a disponibilidade, para auxiliar os clientes com atendimentos psicológicos, além de disponibilizar cursos, com o objetivo de aprimorar os relacionamentos interpessoais. Para que se comuniquem de forma mais saudável, melhorem a comunicação com os familiares e amigos, aos quais são fundamentais.’’
Para a especialista, foi um momento de buscar ferramentas para manter a clientela e não deixar as pessoas sozinhas com suas lutas. “O atendimento online, que hoje predomina em muitos consultórios, resolveu em parte a urgência dos pacientes, e se revelou como uma nova forma de trabalho.
Se adequar ao teleatendimento foi um desafio para psicólogos e psiquiatras; se jogar no mundo digital, saber escutar o outro por meios eletrônicos foram fatores que atraíram e desafiaram muitos profissionais.
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