Comerciantes apostam na renegociação de prazos com fornecedores
Goiânia é a Capital com o maior endividamento, o que afeta o fluxo de caixa do comércio
Vinicius Marques
Com grandes dificuldades em controlar o caixa, devido a péssima situação fiscal do país, atualmente, vários empresários estão com dificuldades em quitar suas dívidas e acabam pedindo mais prazos para pagamentos, tentam renegociar suas dívidas e buscam menores taxas de juros. A renegociação de prazos de pagamento com os fornecedores auxilia no alívio do fluxo de caixa.
Goiânia, já lidera o número de pessoas físicas endividadas na região Centro-Oeste do país desde julho, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O número de devedores em Goiânia cresceu 1,9% em agosto em relação a julho e 7,4% em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Com o endividamento das famílias, cada vez menos pessoas têm acesso ao mercado, devido ao poder de consumo resumido. Com isso, o fluxo de caixa das empresas tende a cair.
Segundo dados do Serasa Experian, em julho deste ano, 6,2 mi de empresas estão negativadas, acumulando uma dívida total de R$101,5 mi. São números que refletem diretamente na sobrevivência dos CNPJ’s, principalmente de pequenos comerciantes que contam com pouco fluxo de caixa para as renegociações.
Esse é o maior número de empresas devedoras desde o início da série histórica em 1998 e mostra como pode ser crítica a situação, principalmente, de pequenas empresas.
Estoque menor
Cardoso Pimentel, 62, comerciante, dono de um restaurante no Setor Leste Vila Nova, afirma que sempre faz seu estoque antecipado e à vista, mas diante dos últimos aumentos dos insumos e redução do público, vem reduzindo também as compras, a tendência é comprar menos e negociar prazos. “A gente vai tentando segurar os preços, tentando segurar os clientes, mas aos poucos a gente também precisa aumentar [os preços]”. afirma Cardoso.
Pequenos comércios como o de Cardoso, têm lutado para que as dívidas não se tornem um endividamento, mas quando isso ocorre é necessário que alguns procedimentos sejam tomados para que a dívida não se acumule tornando um problema financeiro ainda maior e leve ao fechamento da empresa.
A Intrum, que analisa os comportamentos de pagamentos em 25 países, publicou um relatório nada favorável ao mercado onde afirma que 66% das empresas reconhecem o alto risco de atraso ou calote nos recebíveis.
O relatório também afirma que a inflação (69%) e taxa de juros altas (65%) são os maiores desafios que afetarão a capacidade de pagamento do cliente. Devido ao atual cenário, 70% das empresas concordaram em aumentar os prazos para pagamentos dos clientes. A pesquisa foi realizada com cerca de 700 empresas espalhadas pelo país.
Atualmente, 61% das companhias estão com dificuldades de pagar seus fornecedores em dia em razão da inflação. Entre 2021 e 2022, saltou de 47% para 56% a proporção de empresas que precisaram pedir para estender os prazos de pagamentos aos fornecedores em razão das incertezas macroeconômicas.
Já a situação dos pequenos comerciantes em Goiânia, é diferente, uma vez que as compras são, muitas vezes, realizadas em pequenos atacadistas ou em atacarejos e esses lugares não costumam oferecer parcelamentos, com exceção do uso do cartão de crédito. Nesse caso, os pequenos empresários estão comprando menos insumos e renovando aos poucos os estoques enquanto esperam que a economia volte a aquecer.
A vendedora da empresa HB Embalagens, Luana Beatriz, que vende para pequenos e grandes comércios, explicou que as empresas estão tentando negociar mais preço do que prazo. “Na verdade, o que os comerciantes querem mais é preço baixo e a solicitação por prazo continua a mesma de antes, compram menos produtos, mas ainda estão pagando em dia”. Afirmou, Luana.
Entender a natureza da dívida e o motivo da falta de recursos (Inadimplência), é apenas o início da jornada em busca do principal, a negociação ou até renegociação, buscando a menor taxa de juros e a sobrevivência do negócio.