Senado: Denise Carvalho cola em Baldy e supera Wilder e Vilmar
Cientista político, no entanto, chama atenção para possível dificuldade por parte dos institutos de pesquisa em captar o real sentimento do eleitor
Conforme as eleições se aproximam, os números ganham cada vez mais protagonismo. Afoitos pelo resultado das urnas, o eleitor busca se amparar nas pesquisas e com isso entender o cenário, em caso mais extremos, até definir o voto. A mais recente pesquisa divulgada em Goiás, no entanto, trouxe números um tanto quanto inusitados, especialmente no que diz respeito à corrida pela única vaga ao Senado.
O fator que mais chama atenção passa pela guinada do nome da candidata Denise Carvalho (PCdoB). A pecebista registrou um salto significativo nos últimos dias, alcançando a quarta posição no ranking de intenção de votos (6%). Ela perde apenas para o protagonista tucano, Marconi Perillo (PSDB), que aparece com 28%, Delegado Waldir (UB), com 18%, e João Campos (Republicanos), que soma 9%.
A candidata está empatada com Alexandre Baldy (PP) e supera outros grandes players como Wilder Morais (PL), que soma 5% , e Vilmar Rocha (PSD), com 4%. Depois vem Leonardo Rizzo (Novo), com 3% e Manu Jacob (Psol), com 1%. 6% não respondeu e 1% votaria branco ou nulo. Os números foram revelados pelo Instituto IPEC. A pesquisa foi encomendada pela TV Anhanguera e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO) sob protocolo GO06085/2022 e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob protocolo n° BR-00938/2022.
Em entrevista ao O HOJE, a candidata disse acreditar que só agora, nos últimos 10 dias, a população começou a se atentar, a pensar e escolher as candidaturas ao Senado. “Fiquei muito otimista com o resultado da pesquisa onde aparece em quarto e já subindo muito. O que mais me chama atenção foi o fato de ter triplicado o percentual de intenção de voto nessa pesquisa. Tivemos um crescimento exponencial, que foi o maior entre todos os candidatos, isso me leva a acreditar muito na possibilidade de estarmos na disputa pela vitória dessa cadeira”.
Ela atribui o crescimento da campanha ao conteúdo apresentado, ao trabalho da militância e também à associação de seu nome ao do candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Quando ao terceiro ponto, ela diz acreditar que o povo goiano tem percebido que é essencial a eleição do ex-presidente para “retomada da democracia e libertação do ódio”. “Esse sentimento de fazer uma grande mudança eu sinto por onde vou”.
Só agora, a 10 dias da campanha é que o povo, segundo ela, tem escolhido, de fato, seus candidatos. “E eles querem alguém de trajetória ilibada, alguém ligado à luta do povo. Alguém também que tenha propostas para solucionar os graves problemas do Brasil e que seja mulher”. Na interpretação da candidata, essa é uma forma de demonstrar que o Senado não precisa ser ocupado apenas por homens, brancos e ricos.
Contexto
Para o cientista político Lehninger Mota um fator que poderia justificar o crescimento de Carvalho na disputa poderia estar associado à transferência de votos direta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que concorre às eleições em cenário nacional.
“Ele tem uma parcela considerável de votos no estado de Goiás. Existe um público mais cativo na capital onde a pesquisa ganha mais peso”, diz. Porém, o especialista destaque essa explicação pode não necessariamente refletir a realidade, uma vez que o candidato Wilder Morais (PL), representante do presidente Jair Bolsonaro na disputa, não alcançou o mesmo protagonismo.
“Ele teve quase 800 mil votos na eleição passada e é o candidato do presidente. O natural seria que ele tivesse um resultado ainda melhor do que o da Denise já que o candidato dele é favorito no estado. Então esse fato por si só não poderia explicar esse cenário trazido pela pesquisa”, pontuou.
Indicadores
O profissional chama atenção, porém, para um segundo detalhe que pode justificar o resultado: a dificuldade dos instituidores em trazerem um retrato fidedigno da realidade. “O que vejo é uma grande dificuldade por parte dos institutos em mensurar o quantitativo de votos que cada candidato tem em Goiás”.
“Tenho visto pesquisas internas que mostram um cenário diferente. Vi em uma delas que a Denise Carvalho estava realmente bem posicionada. O Wilder, por sua vez, estava muito melhor do que temos visto nesta pesquisa. Ao meu ver existe alguma coisa que não tem sido captada pelos institutos. Se fosse por apoio dos protagonistas que correm à presidência, por transferência de votos, o Wilder teria que estar muito melhor e também em evidência”.
Para o estudioso pode haver um problema na metodologia e pesquisa dos institutos. “O resultado não está sendo captado da forma real. Estamos chegando na última semana, então as decisões já estão sendo tomadas”. Para ele, não há mais um número tão grande de indecisos.
“Se lembrarmos da pesquisa Serpes de 2018, o Wilder aparecia com 4% das intenções de votos e terminou em terceiro colocado na disputa. Houveram fatos sociais que explicam essa mudança, mas ainda assim a diferença em relação ao que foi apresentado antes das eleições foi muito grande”, pontuou.