O presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) fez, na quarta-feira (12), campanha nos dois estados que reúnem o maior número de eleitores do país: São Paulo e Minas Gerais. Pela manhã, o candidato participou da inauguração de um templo evangélico em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. No início da tarde, Bolsonaro se deslocou para Aparecida, no interior de São Paulo, onde milhares de fiéis católicos homenageiam a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

Na capital mineira, Belo Horizonte, Bolsonaro pediu o voto dos frequentadores da igreja fundada pelo missionário Valdemiro Santiago, que convidou o candidato para comparecer ao evento. “Se estamos dando certo até o momento, peço humildemente a vocês esta oportunidade de, ao lado do governador [Romeu] Zema, comandarmos Minas Gerais e o nosso Brasil”, disse Bolsonaro à multidão, de cima de um carro de som, ao lado do governador reeleito no primeiro turno e de outros aliados políticos.

Bolsonaro voltou a criticar o aborto, a possibilidade de legalização de determinadas drogas e citou outras pautas conservadoras, como as que envolvem questões envolvendo costumes e sexualidade.

“Não queremos uma filha nossa indo ao mesmo banheiro da escola frequentado pelo moleque”, disse o candidato, atribuindo a seus opositores a intenção de “desgastar valores familiares” e voltou a repetir que a economia brasileira reagiu mais rapidamente aos efeitos da pandemia e da invasão russa à Ucrânia do que outros países.

Na sequência, Bolsonaro se deslocou cerca de 540 quilômetros até Aparecida (SP), no Vale do Paraíba, onde chegou no início da tarde. Acompanhado pelo candidato ao governo do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e por outros apoiadores, o candidato visitou a Basílica Santuário Nacional, onde participou da missa das 14h, em homenagem ao Dia de Nossa Senhora Aparecida. 

“Maria venceu o dragão, e temos muitos outros que ela vencerá. […] Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o da mentira. E a mentira não é de Deus, é do maligno”, disse dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida do Norte, durante a homilia na missa solene do dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, na quarta-feira (12), no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Em 2021, dom Orlando chegou a dizer, na homilia do ano passado, que “para ser pátria amada”, o País “não pode ser pátria armada” e que o Brasil “seja uma pátria sem ódio, uma república sem mentira e fake news”. 

Ao falar neste ano sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que esteve no Santuário Nacional de Aparecida, o arcebispo declarou: “Não podemos julgar, mas precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção vai ser bem recebido, porque é o nosso presidente”. 

Bolsonaro se diz católico, mas foi batizado no Rio Jordão, em Israel, pelo Pastor Everaldo (PSC), em 2016. Pastor Everaldo, que é presidente nacional do PSC, ex-partido de Bolsonaro até 2018, e os filhos do líder evangélico foram presos em 2020 na Operação Tris in Idem por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção na Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. 

“Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições”, disse dom Orlando. (ABr)