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sábado, 23 de novembro de 2024
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Eleições 2024

Direita em Goiânia tropeçou aos 45 do segundo tempo, tal qual em SP

Apesar da derrota, leitura é que Fred Rodrigues sai muito maior do que entrou na disputa de 2024

Postado em 28 de outubro de 2024 por Felipe Cardoso
Foto Divulgação

O ex-deputado Fred Rodrigues (PL) foi, sem dúvida, a grande surpresa das eleições municipais de 2024, em Goiânia. O bolsonarista mergulhou na disputa pela prefeitura da principal cidade goiana e sua performance surpreendeu gregos e troianos.

A trajetória política de Fred é curta. O ex-parlamentar é jovem e detentor de uma propulsão oferecida pela ‘nova política’. Rodrigues foi eleito para seu primeiro mandato, e até então único, em 2022. À época, obteve mais de 40 mil votos nas urnas. No entanto, o representante assíduo do bolsonarismo perdeu a cadeira em dezembro de 2023 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O processo de cassação foi iniciado tendo em vista a prestação de contas das eleições de 2020, quando Rodrigues concorreu a vereador por Goiânia. Por essa questão, no pleito de 2022, em nível estadual, Rodrigues estava sob judice, mas conseguiu tomar posse após decisão judicial. Segundo ele, o procedimento que questiona sua prestação de contas, em 2020, teve falhas processuais.

O desembarque da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), porém, não comprometeu sua atuação enquanto figura influente da política goiana. Rodrigues continuou demonstrando força como um importante player político por meio de uma atuação cirúrgica nas redes sociais, onde reúne, sozinho, quase 220 mil seguidores. E seguiu influindo.

A entrada em cena de Rodrigues na briga por Goiânia se concretizou com a saída de seu correligionário, o deputado federal Gustavo Gayer, também do PL. A substituição foi alvo de desdém dos adversários que não acreditavam na força do então mais novo candidato. Fred, como dito, saiu por cima ao superar todos os concorrentes no primeiro turno. Ele não apenas chegou ao segundo, como superou a máquina pública, o governo do estado, as alianças e a esquerda.

Eis que o candidato de Bolsonaro se revelou um verdadeiro gigante da política local. Impressionou a todos, sem exceção. Com isso, ganhou projeção e ampliou o número de votos nas três semanas que sucederam o primeiro turno, findado em 6 de outubro.

Mas…

Nos bastidores, o comentário é que Fred, apesar da performance invejável em 90% do processo eleitoral, tropeçou na reta final. Acontece que o candidato passou a ser encarado como “mentiroso” depois que uma nota emitida pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) atestou que o candidato não se formou em Direito pela universidade, informação que o candidato não apenas verbalizou, mas atestou em seu Plano de Governo.

A oposição a Fred, claro, não perdoou. Nos dias que separaram os eleitores das urnas, a campanha de Mabel disseminou em larga escala o que chamou de “farça” por parte de seu adversário. Na última aparição de ambos em TV aberta, Mabel apelou, inclusive, para versículos bíblicos. “Lembrem-se: o diabo é o pai da mentira. E quem mente, rouba”, declarou e repetiu reiteradas vezes ao longo de todo o debate.

A falta de formação superior do bolsonarista desencadeou, inclusive, uma sindicância para apurar o processo de nomeação do ex-deputado na Diretoria de Promoção de Mídias Sociais da Alego, haja vista que, para tomar posse, o ex-parlamentar assinou ficha cadastral em que declara ter concluído o curso.

Leia Mais: Após derrota, Fred Rodrigues afirma que Mabel ainda pode se tornar inelegível e ter seu mandato cassado; “Que a justiça cuide disso”

A leitura por parte da esmagadora maioria daqueles que acompanham a cena política local de perto é que Fred até tentou recuperar o prejuízo, mas a situação se tornou irreversível. Os bolsonaristas mais engajados, claro, continuaram a depositar sua confiança em Fred. Por outro lado, o entendimento é que os eleitores tidos como mais moderados ou indecisos, viram, a partir disso, dificuldade em abraçar o projeto.

Muitos dos comentários tecidos nos bastidores do pós-eleição foram além, chegando a comparar a situação de Fred a de Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo. Na reta final da briga pela prefeitura de São Paulo, ainda no primeiro turno, uma perícia técnica do Instituto de Criminalística de São Paulo concluiu que o laudo apresentado por Marçal contra seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) era falso.

Não que as situações sejam exatamente as mesmas ou ao menos parecidas. Mas se resumem, em algum grau, ao esfacelamento de duas versões construídas com base em algo irreal, inverídico, mentiroso. Se ambas as derrotas foram condicionadas, de fato, a essas situações em específico não se pode afirmar, mas que muitos enxergam uma relação entre os casos, isso é inegável.

Mas não só. Há também uma outra leitura um tanto quanto unânime entre os entusiastas da política local: o entendimento de que apesar das derrotas, ambos saíram, politicamente, muito maiores do que entraram nas disputas de 2024.

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