Altas emissões de gases podem levar aquecimento global a superar 3,4ºC
Relatório do Pnuma indica necessidade de todo o planeta reduzir as emissões em 42% até 2030
Um recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) destaca a crescente do aquecimento global e a necessidade urgente de ação. O Relatório sobre Lacuna de Emissões 2024, divulgado na última quinta-feira (24), alerta que, se as emissões de gases do efeito estufa continuarem no ritmo atual, o aumento da temperatura do planeta poderá variar entre 3,1°C e 3,6°C até o final do século. Para evitar, ações imediatas são essenciais.
O relatório ressalta que, para ter uma chance real de reverter os danos provocados pelo aquecimento global, os países precisam reduzir suas emissões em 42% até 2030 e em 57% até 2035. Caso contrário, as previsões se tornam mais preocupantes: existe uma probabilidade de 66% de que o aquecimento global alcance 3,1°C, com 10% de chance de ultrapassar 3,6°C.
Algumas metas estabelecidas no Acordo de Paris, conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), estão longe de ser cumpridas. Mesmo que os países sigam rigorosamente suas metas, a projeção indica um aumento de 2,6°C até 2030.
Tendo em vista que os gases que mais poluem a atmosfera o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄) e o óxido nitroso (N₂O). O CO₂, proveniente principalmente da queima de combustíveis fósseis, é o responsável por aproximadamente 76% das emissões globais. O que faz com que os especialistas estudem e procurem soluções.
Marcos Woortmann, especialista em questões ambientais, cientista político e diretor do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), enfatiza a vulnerabilidade do estilo de vida contemporâneo. “O modo de vida industrial e sedentário, baseado em cadeias produtivas que atravessam o globo, é profundamente vulnerável às mudanças climáticas”, observa.
Ele destaca que, embora a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C seja considerada irrealista, limitar o aumento a 2°C ainda é possível, mas isso exige um compromisso significativo. Woortmann alerta que a responsabilidade não deve recair apenas sobre governos, mas também sobre empresas e indivíduos. “Não adianta um país cumprir suas metas se suas empresas geram emissões em outros lugares”, afirma.
O especialista faz menção às crises enfrentadas pelo Brasil, ele também atribui esse aquecimento e catástrofes enfrentadas no país e no mundo, ao uso desenfreado do petróleo. “Nesse sentido não é viável e não é racional que se amplie a produção de petróleo no mundo como querem fazer no Brasil. A única decisão racional é a redução dessa produção, sobretudo vinculada ao consumo de energia, no transporte, a eletrificação das frotas, a eletrificação do transporte marítimo, entre outras diversas categorias, a substituição por combustíveis mais eficientes climaticamente.”
As mudanças climáticas e as crises enfrentadas pelo Brasil são evidentes. As florestas amazônicas, essenciais para a regulação do clima, estão sendo desmatadas em taxas alarmantes, contribuindo ainda mais para o aumento das emissões de carbono. Além disso, as comunidades locais, muitas vezes as mais vulneráveis, sofrem os impactos diretos das mudanças climáticas, como a perda de colheitas e a escassez de água.
A conscientização sobre essas questões é crucial. O Brasil, como um dos maiores emissores de gases do efeito estufa, precisa assumir um papel de liderança na luta contra a mudança climática. Isso inclui não apenas cumprir os compromissos do Acordo de Paris, mas também adotar políticas que protejam suas florestas e promovam o desenvolvimento sustentável.
O relatório do Pnuma também destaca o impacto desproporcional das mudanças climáticas sobre as populações mais vulneráveis, que são as menos responsáveis pelas emissões globais, mas que enfrentam as consequências mais severas. Este fator acentua a necessidade de justiça climática, onde os países desenvolvidos devem liderar os esforços de mitigação e apoio às nações em desenvolvimento.
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O aquecimento no Brasil
No Brasil, as consequências do aquecimento global já estão sendo sentidas. Nos últimos anos, o país enfrentou uma série de crises climáticas, incluindo secas severas e chuvas torrenciais, resultando em deslizamentos de terra e inundações. O fenômeno do El Niño, cada vez mais intenso devido ao aquecimento global, amplificou esses eventos climáticos extremos. Em 2023, por exemplo, o Sudeste brasileiro enfrentou uma seca histórica que afetou a produção agrícola e a disponibilidade de água.
A relação entre as mudanças climáticas e as crises enfrentadas pelo Brasil é evidente. As florestas amazônicas, essenciais para a regulação do clima, estão sendo desmatadas em taxas alarmantes, contribuindo ainda mais para o aumento das emissões de carbono. Além disso, as comunidades locais, muitas vezes as mais vulneráveis, sofrem os impactos diretos das mudanças climáticas, como a perda de colheitas e a escassez de água, alagamentos em grande escalas.