De olho nas eleições dos EUA, dólar cai pelo segundo dia consecutivo
Moeda fecha a R$ 5,74
O dólar cai pelo segundo dia e fechou esta terça-feira (5) em queda de 0,63%, cotado a R$ 5,74. Durante o dia, a moeda norte-americana chegou a atingir R$ 5,80, mas recuou, impulsionada por uma série de fatores. Entre eles, destacam-se as expectativas em torno de um possível pacote de cortes de gastos públicos no Brasil, a definição da nova taxa Selic e o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Nos EUA, as pesquisas indicam uma disputa acirrada entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Segundo analistas, essa é uma das eleições mais incertas da história recente americana, com possíveis impactos globais, especialmente no câmbio. Uma vitória de Trump, que defende políticas protecionistas e a taxação de produtos importados, tende a valorizar o dólar mundialmente. Por outro lado, a vitória de Kamala poderia reduzir a pressão sobre a moeda, conforme avalia Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos.
Dólar cai pelo segundo dia
No cenário doméstico, a cotação do dólar também reflete as expectativas em torno da política fiscal e da taxa de juros. Nesta quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar a nova taxa Selic. Em nota, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) antecipou que espera uma elevação de 0,50 ponto percentual. De acordo com a ABBC, a decisão deve considerar a resiliência da atividade econômica, que segue aquecida, a inflação em alta e a desvalorização cambial. Everton Gonçalves, Diretor de Economia da ABBC, explica que esses fatores justificam um possível aperto monetário, para tentar conter a inflação.
Paralelamente, o governo brasileiro também atua para finalizar o novo plano de corte de gastos. Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou uma viagem internacional para focar na revisão desse pacote. As reuniões entre os integrantes do governo foram intensificadas, com o objetivo de definir o conteúdo do plano ainda nesta semana. Segundo fontes, o pacote pretende reduzir o crescimento da dívida pública, que subiu de 71,58% do PIB em dezembro de 2022 para 78,55% em agosto de 2024.
Oliveira, do Paraná Banco, alerta que o atual cenár
io econômico requer cautela. O aumento do endividamento público e o estímulo fiscal, segundo ele, aquecem a economia no curto prazo, mas, a longo prazo, podem levar ao aumento da inflação, à queda do poder de compra e até a uma possível recessão. Por essa razão, ele acredita que o Banco Central pode precisar elevar a Selic para 12,75% até o final de 2025.
Enfim, o dólar reflete não só o cenário internacional, mas também as decisões econômicas internas. A expectativa é que os desdobramentos das eleições americanas e a nova taxa Selic impactem o mercado nos próximos dias. O resultado das eleições nos Estados Unidos, cuja apuração está em andamento, pode ser conhecido nesta quarta-feira.