Bolsonaristas insistem em candidatura, mas direita tem outros nomes
Direita tem, pelo menos, outros cinco possíveis concorrentes: Caiado de Goiás, Ratinho Júnior do Paraná, Zema de Minas Gerais, Tarcísio de São Paulo e o goiano Marçal
Para a eleição presidencial de 2026, a direita já começa a especular sobre os nomes que poderiam enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso ele se lance novamente como candidato. Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, apesar de estar inelegível até 2030, segue sendo um dos principais nomes da direita, há pelo menos outros cinco possíveis concorrentes: os governadores Ronaldo Caiado (UB) de Goiás, Ratinho Júnior (PSD) do Paraná, Romeu Zema (Novo) de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo, e o goiano Pablo Marçal (PRTB).
Atualmente, Bolsonaro enfrenta uma inelegibilidade até 2030, mas seus aliados não parecem dispostos a desistir facilmente de sua candidatura. A expectativa é que, assim como ocorreu com Lula em 2018, o ex-presidente e o PL sigam com a estratégia de lançar a candidatura, mesmo correndo o risco de impugnação.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, afirmou, nesta quarta-feira (4), que o pai segue sendo o “plano A” para a presidência em 2026. No entanto, o próprio Eduardo se colocou à disposição como “plano B” para a disputa, durante um painel da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada na Argentina.
Candidatura viável
Embora Bolsonaro esteja inelegível, ele pode, tecnicamente, ser candidato à presidência por um curto período, até que sua candidatura seja analisada e, provavelmente, barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-ministro do TSE, Henrique Neves, explicou que o rito de registro de candidaturas no tribunal não permite uma decisão monocrática imediata. O pedido precisa ser analisado pelo plenário do TSE, o que pode levar algumas semanas, mesmo diante de contestações. Durante esse período, o candidato pode realizar atividades normais de campanha, incluindo participação na propaganda eleitoral, utilização do Fundo Partidário e organização de eventos de campanha.
Este processo é semelhante ao ocorrido em 2018, quando Lula, mesmo preso, manteve sua candidatura. Quando sua inelegibilidade foi confirmada, o PT substituiu Lula por Fernando Haddad como cabeça de chapa. O cientista político ouvido pelo jornal O Hoje destacou que o objetivo dos aliados de Bolsonaro é fortalecer a marca PL, associando-a à direita, aos valores de Pátria, Família e Liberdade, e ao legado de Bolsonaro.
Entretanto, a direita terá que se unir para disputar a eleição de forma competitiva. Ao menos 15% do eleitorado brasileiro é conservador fiel, e a divisão de votos entre múltiplos candidatos deste espectro pode enfraquecer o movimento em uma disputa com a esquerda. Assim, Bolsonaro, seja elegível ou não, precisará lançar um sucessor para representar sua base. Embora Marçal se aproxime de seus preceitos, ainda há dúvidas sobre o apoio direto de Bolsonaro a ele.
Caiado presidente
Interlocutores da política nacional apontam que, no cenário atual, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, surge como um dos candidatos mais fortes da direita. Caiado tem se destacado na mídia e em articulações políticas para ampliar sua visibilidade. Ele tem concedido entrevistas em rede nacional e participou até de um especial de Natal no SBT, com o apresentador Ratinho tecendo elogios públicos ao governador. A presença de Caiado no programa de Gusttavo Lima, que deve ir ao ar na noite de 24 de dezembro, foi um marketing estratégico para fortalecer sua imagem.
As chances de Caiado são reais, mas ele representa uma direita mais ao centro, que se distanciará de Bolsonaro. Por isso, entre capitais mais importantes, Bolsonaro escolheu Goiânia para ser cabo eleitoral durante as eleições municipais. O lançamento da pré-campanha de Caiado está agendado para fevereiro de 2025, em Salvador, com o objetivo de fortalecer sua imagem no Nordeste. Antes disso, o União Brasil, partido que atualmente apoia sua candidatura, deve definir a data oficialmente em uma reunião interna.