Reforma ministerial deve impactar o alto escalão do governo Lula
Presidente prepara mudanças estratégicas em peças-chave de sua gestão com foco na reeleição em 2026
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para uma reforma ministerial significativa em seu terceiro mandato, que deve ocorrer nos primeiros meses de 2025. A iniciativa busca redesenhar as articulações políticas do governo, alinhando interesses partidários e fortalecendo a base para a tentativa de reeleição em 2026. O movimento acontece em um momento de crescente pressão por parte do Centrão, bloco essencial para a atual gestão.
O objetivo da reforma é atender às demandas de partidos como PSD, PP e União Brasil, que, embora integrem a base governista, manifestam insatisfações crescentes. Além disso, a necessidade de redistribuir ministérios reflete o esforço do governo em reforçar alianças e evitar rupturas que comprometam a agenda legislativa.
A reunião de Lula com ministros e lideranças na última sexta-feira (20), no Palácio da Alvorada, destacou a intenção de abrir espaço para aliados em detrimento do PT, que atualmente ocupa a maioria das pastas. O presidente também enfrenta pressões para revisar a articulação política, especialmente após a aprovação parcial de um pacote de gastos no Congresso, que exigiu concessões significativas.
Possíveis mudanças ministeriais
Com os rumores, surgiram especulações sobre substituições no alto escalão do governo. Alguns nomes têm potencial para alterar significativamente o futuro da gestão lulista. Na Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT) deve ser substituído por Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de Lula em 2022, ou por Laércio Portela. A comunicação do governo tem sido alvo de críticas pela falta de efetividade na área digital e na relação com a mídia.
Já no Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD) pode ceder lugar a Eduardo Braga (MDB) ou Marcos Pereira (Republicanos). A mudança visa fortalecer alianças no Senado e no Centrão. Na pasta da Saúde, Nísia Trindade pode ser substituída por Arthur Lira (PP) ou Rodrigo Pacheco (PSD), indicando um esforço para consolidar o apoio no Congresso.
No Ministério do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT) está sob pressão devido a críticas à gestão do Bolsa Família. Gleisi Hoffmann (PT) é cotada para o cargo, mas pode adiar a entrada devido à liderança partidária. Rui Costa (PT) enfrenta resistência à sua saída da Casa Civil, mas Alexandre Silveira surge como alternativa viável.
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PSD é peça-chave
O PSD tem se consolidado como um dos partidos mais relevantes para a dinâmica do governo. Comandando atualmente o Ministério da Agricultura e o da Pesca, a legenda pressiona por pastas mais robustas. O nome de Rodrigo Pacheco surge como possibilidade para a Saúde ou a Justiça, mas as indefinições podem sinalizar um impasse.
Impactos no futuro do governo
A reforma ministerial é vista como fundamental para o governo Lula consolidar alianças e equilibrar o jogo político até 2026. Entretanto, ela também apresenta riscos, pois a redistribuição de cargos pode provocar resistências dentro do PT e comprometer a unidade partidária. Ainda assim, a inclusão de lideranças do Centrão em pastas-chave é uma estratégia que pode assegurar estabilidade no Congresso e apoio para projetos essenciais.
O reposicionamento também sinaliza o foco de Lula em preparar o terreno para a reeleição, especialmente frente a adversários como o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que, embora inelegível por enquanto devido a uma determinação do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), já confirmou sua pré-candidatura à Presidência em um evento previsto para março de 2025, em Salvador, além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). (Especial para O Hoje)