Decisão da Meta em pôr fim a checagem de fatos divide opiniões entre parlamentares goianos
Mark Zuckerberg, que há quatro anos baniu Donald Trump de suas redes por incitação ao ódio, agora substitui a checagem de fatos por “notas da comunidade”, decisão que tem gerado divisão entre parlamentares e reacendido o debate sobre a regulação das redes sociais no Brasil
A recente decisão de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, de substituir o sistema de checagem de fatos por um modelo baseado em “notas da comunidade” tem gerado muitas reações no Brasil. A medida que permite aos usuários adicionar informações complementares a postagens, foi anunciada como parte de uma estratégia para priorizar a moderação de conteúdos considerados de alta gravidade. Especialistas alertam, entretanto, que a nova política pode aumentar a disseminação de desinformação, como teorias conspiratórias sobre vacinas, Covid-19 e eleições.
Diversos políticos da direita manifestaram-se publicamente sobre a decisão de Mark Zuckerberg, dono da Meta. O deputado federal Gustavo Gayer (PL), por exemplo, gravou um vídeo durante suas férias na praia em que celebrou o anúncio de Zuckerberg, afirmando que ele simboliza uma mudança ideológica do empresário, de esquerda para direita. Segundo Gayer, Zuckerberg estaria alinhado a Donald Trump, comprometido em combater a censura e a suposta perseguição do Supremo Tribunal Federal (STF). “No final do ano passado, estava desesperançoso, achando que o processo já estava irreversível. Mas, nesses primeiros dias de janeiro, vemos a esquerda levando uma surra ao redor do mundo. E, agora, Mark Zuckerberg mudou de lado, não fará mais censura e alterou os algoritmos do Facebook. Não tem como ficar melhor que isso”, declarou.
Trump banido pela Meta
Vale lembrar que, há exatos quatro anos, em 7 de janeiro de 2021, um dia após a invasão ao Capitólio, o presidente da Meta classificou o episódio como “chocante” e acusou o então presidente Donald Trump de usar a plataforma para “incitar uma insurreição violenta contra um governo democraticamente eleito”. Na ocasiao, Trump foi banido das redes sociais da Meta, postura que contrasta com a adotada neste início de ano.
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O vereador de Goiânia Vitor Hugo (PL) também reagiu, compartilhando um vídeo em que Zuckerberg defende a “restauração da liberdade de expressão” com o fim da checagem de fatos. Para o parlamentar, essa mudança é reflexo direto do retorno de Donald Trump à cena política. “Somos e seremos sempre pela liberdade de expressão”, disse.
Já o deputado estadual Amauri Ribeiro (PL) criticou as tentativas de regulamentar as redes sociais no Brasil, alegando que representam mais um passo em direção ao que chamou de “ditadura”. Ribeiro afirmou que, com a vitória da direita nas eleições de 2026, o país voltará à “normalidade”.
Parlamentares de esquerda também se manifestaram sobre a decisão. O vereador de Goiânia, Fabrício Rosa (PT), publicou no X (ex-Twitter) que o anúncio da Meta coloca em risco o futuro da humanidade e classificou a decisão como uma adesão clara da empresa “aos desejos de desinformação e ao discurso de ódio livre do governo Trump”. Já o deputado estadual Rubens Otoni (PT) compartilhou uma matéria na qual o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirma que a decisão da Meta de suspender a checagem de publicações em suas plataformas torna ainda mais urgente a criação de um novo marco jurídico para a regulação das redes sociais no Brasil.
Regulamentação das redes
Durante um evento em memória aos ataques de 8 de janeiro de 2023, nesta quarta-feira (8), o ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que as redes sociais só poderão operar no Brasil se seguirem a legislação nacional. Moraes criticou a postura das big techs e alertou para os perigos da disseminação de discursos de ódio e ideologias antidemocráticas. Ele destacou que a ausência de regulação das plataformas foi um fator crucial na organização de atos golpistas e reforçou a necessidade de responsabilização das empresas pelo conteúdo disseminado em suas redes.