MDB entra no jogo para incorporar o PSDB a si
Tucanato, que já foi um dos maiores partidos do país, busca uma sigla para não se ver engolido pela cláusula de barreira
Não é segredo que o PSDB vem perdendo força a cada eleição. Para ilustrar, em 2000, o partido liderado pelo ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, contava com 900 prefeitos; hoje, esse número caiu para apenas 274. Com o risco de ser atingido pela cláusula de barreira, o partido busca uma fusão com uma legenda mais robusta. Além do PSD, o MDB entra no jogo, já articulando a incorporação do PSDB, que, segundo o presidente municipal do MDB, Andrey Azeredo, tornou-se uma sigla “nanica”. A estratégia de fusão tem o apoio de figuras de destaque no partido, como o ex-presidente Michel Temer, o governador do Pará, Hélder Barbalho, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do MDB, Baleia Rossi.
O interesse é tamanho que a alta cúpula do MDB têm mantido contato constante com lideranças tucanas. O goiano Marconi Perillo, o deputado federal mineiro Aécio Neves, e os governadores Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS) já foram procurados pelos líderes da sigla. O objetivo da fusão entre MDB e PSDB é claro – criar um bloco político robusto, capaz de competir com o PSD, que hoje é o partido com maior número de prefeitos – 885 cadeiras no Executivo Municipal e a maior bancada no Senado, com 15 senadores.
Leia mais: Rejeição de Lula chega a 49,8%, diz pesquisa AtlasIntel
Para Baleia Rossi, a história do PSDB, que surgiu como uma dissidência do MDB, é um ponto a favor da possível fusão. “Estamos vendo a possibilidade de incorporação. O importante é que não é um movimento isolado de um presidente, mas um diálogo amplo de várias lideranças do partido. Eu tive conversas com Aécio, com o líder Adolfo Viana, com Beto Richa e com Riedel. O presidente Michel Temer conversou com Marconi. Eu também”, destacou.
Barreiras regionais
No entanto, as negociações também enfrentam desafios em nível regional, especialmente em Goiás, onde MDB e PSDB são adversários históricos. No estado, o MDB é aliado do União Brasil no governo de Ronaldo Caiado, que tem como vice o emedebista, Daniel Vilela. Ao O Hoje, o presidente municipal do MDB em Goiânia, Andrey de Azeredo, disse não haver qualquer movimento de fusão sendo discutido no contexto local. “O MDB é parceiro do União Brasil em Goiás. A nível nacional, já vi especulações sobre fusões com partidos menores, mas, no caso do PSDB, considero que é um partido nanico atualmente. É o diretório nacional quem deve decidir”, afirmou.
Por outro lado, o vereador de Goiânia Luan Alves (MDB) ressaltou à reportagem que vê a fusão como uma oportunidade para fortalecer o partido. “Esse movimento pode ser muito importante para o cenário em Goiânia. O PSDB tem dois parlamentares na Câmara Municipal, e a fusão somaria à bancada e ao projeto do governador Daniel para 2026”, avaliou.
Apesar do avanço nas conversas entre MDB e PSDB, o PSD permanece como um elemento central no jogo político. Ao O Hoje, fontes próximas ao senador Vanderlan Cardoso (PSD) afirmaram que uma fusão entre PSD e PSDB é apenas especulação neste momento, mas que deve tomar forma já nos próximos meses.
Cláusula de barreira
A cláusula de barreira é outro elemento que motiva a fusão. O PSDB tem enfrentado um declínio acentuado nos últimos anos, o que pode ameaçar sua sobrevivência como partido. A incorporação ao MDB ou PSD seria uma forma de garantir sua continuidade e relevância no cenário político nacional.
A cláusula de barreira define critérios que os partidos devem cumprir para ter acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Para isso, é necessário alcançar ao menos dois dos seguintes requisitos: eleger pelo menos 11 deputados federais em, no mínimo, nove unidades da Federação; ou obter, nas eleições para a Câmara dos Deputados, pelo menos 2% dos votos válidos, distribuídos em ao menos nove estados, com no mínimo 1% dos votos válidos em cada um deles.