Direita fragmentada favorece Lula, que deve ser nome de consenso da esquerda
Hoje, entre os possíveis adversários do petista estão: Caiado, Gusttavo Lima, Pablo Marçal, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior, Eduardo Leite e mais
Com inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a direita e a centro-direita tem apresentado uma série de nomes para o Palácio do Planalto, em 2026. Em Goiás (direta ou indiretamente), surgem nomes tradicionais como o do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), mas também outsiders como do cantor Gusttavo Lima e do influenciador Pablo Marçal (PRTB).
Mas a direita e centro-direita tradicional também se manifesta Brasil afora, com o favorito à bênção de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), além de outros gestores estaduais como Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSDB-RS). Há, ainda, nomes ventilados que são diretamente ligados ao ex-presidente, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ou alguns de seus filhos, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Pela esquerda, contudo, apenas o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem aparecido – ou alguém indicado por ele. Candidato nos últimos pleitos, o ex-ministro e ex-governador, Ciro Gomes (PDT), pode não entrar novamente na disputa.
Partidos como o PSOL e o PSB devem ficar de fora da corrida eleitoral, assim como o PCdoB, que hoje é federado ao PT. O PV pode deixar a federação com o Partido dos Trabalhadores, mas ainda não há um nome que circula como possibilidade.
Então, nesse cenário, de Lula contra muitas, o petista pode se beneficiar, conforme analistas. A pulverização tende a favorecer quem está no poder. Claro, que a avaliação do petista e a condição de economia influencia, especialmente em um eventual segundo turno. É também possível que, mais perto do começo da campanha, alguns nomes fiquem pelo caminho e declarem apoio a quem consiga se consolidar.
Ainda sobre essa fragmentação da direita, o professor e cientista político Marcos Marinho crava o que pode acontecer: “Reeleição de Lula.”
Avaliação
Ainda segundo Marinho, essa “a direita não conseguia achar um nome até aparecer Bolsonaro e ser o rosto de um discurso que já existia. Mas não há outro que possa capitalizar sobre os vários fragmentos que se formaram dos grupos políticos de direita”.
Assim, conforme ele, surgem especulações e tendências, mas nada concreto. Grande parte dos nomes são balões de ensaio. Ele cita que Marçal e Gusttavo Lima não possuem lastro político, mas chamam a atenção, o que serve para quem tem de fato capacidade política. Esses nomes mobilizam apoiadores e mexem no cenário.
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Do lado da esquerda, só existe o nome do Lula consolidado, afirma Marinho. Para ele, fazer um sucessor vai depender de como estará a gestão no fim do governo. “Para as esquerdas está ainda mais difícil, porque eles não conseguem sequer aventar nomes, trazer outras possibilidades, e para as direitas o jogo está igual para todo mundo. Não tem ninguém que se destaque efetivamente.”
Caiado inelegível?
O governador de Goiás enfrentou um desgaste no começo de dezembro com uma condenação, em primeiro grau (ou seja, cabe recurso e não é aplicada imediatamente), com inelegibilidade de oito anos por abuso de poder político – a mesma que cassou o então prefeito eleito Sandro Mabel (hoje chefe do Executivo). O motivo seriam jantares com lideranças políticas no Palácio das Esmeraldas, em 7 e 9 de outubro.
Todavia, os advogados do governador minimizaram, à época. Eles afirmaram que “o evento apurado na ação, ocorrido na residência oficial do Governador, teve como propósito homenagear os vereadores eleitos em Goiânia e iniciar uma relação institucional entre o Executivo Estadual e o Legislativo Municipal”.
Para eles, “as atividades eleitorais relacionadas ao pleito municipal de 2024 foram realizadas fora do Palácio das Esmeraldas, nas ruas ou na sede do partido político dos candidatos, respeitando a legislação eleitoral. A defesa, portanto, reafirma que não houve ilícito eleitoral, ou qual, se tivesse ocorrido, ensejaria, no máximo, a aplicação de uma multa”.
Na avaliação de juristas, um recurso pode dar um resultado positivo na Justiça ao governador e ao prefeito eleito. Contudo, a notícia ganhou destaque nacional. E essa não é a mídia que Caiado, que trabalha para lançar seu nome ao Planalto, deseja.