Nesta quarta-feira (15), o instituto Paraná Pesquisas divulgou um levantamento que pode dar um choque de realidade na expectativa da carreira política do cantor sertanejo Gusttavo Lima em 2026. De acordo com a instituição, 65% da população não concorda com a entrada da celebridade para o meio político, a nível Centro-Oeste, o valor chega a 57,8%. Enquanto isso, cerca de 50% da população alega que não votaria no possível candidato nem para a presidência da república, a rejeição a nível regional chega a 48%. 

Ao contrário disso, o empresário possui maior apelo por parte da população nordestina em ambos os casos com cerca de 30% de apoio ao possível candidato. Além disso, em dados demográficos, o maior apelo vem do público jovem masculino de 16 a 24 anos, e da população que só completou até o ensino médio.

Inicialmente, a entrada do cantor gerou expectativas positivas de um apoio político, uma vez que Gusttavo apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022 e a campanha do ex-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) em 2024. Contudo, a opinião pública parece carecer de um apoio direto ao sertanejo quanto ao seu futuro. Por isso, esse ensaio político tem o risco de não levar frutos em 2026 caso os dados da pesquisa se realizem.

Como descobriu o Jornal O HOJE por uma fonte ligada ao governador do Estado, a entrada do cantor para a política foi orquestrada pelo próprio Ronaldo Caiado (União Brasil) durante uma viagem para a Europa em setembro de 2024. Em conversa a portas fechadas, Caiado teria convidado Gusttavo para se juntar ao partido com intuito de concorrer para uma posição no legislativo. O cantor havia anunciado a entrada para a carreira no dia 2 de janeiro em que se apresentou como um possível pré-candidato para a presidência.

Para a cientista política Rejaine Pessoa, ainda é muito cedo para especular sobre chances de votos para 2026 com base na pesquisa de opinião, contudo, ressaltou que os dados mostram que nem a esquerda nem à direita possuem nomes de peso para consolidar uma maioria decisiva. Apesar disso, ela salienta que os dados do nome de Gusttavo eram esperados quando posto ao lado de políticos com anos de vida pública, como Luiz Inácio Lula (PT) e o próprio Ronaldo Caiado. 

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Dito isso, aponta que a população brasileira possui uma tendência a se identificar com ídolos, sejam do esporte ou do entretenimento, como no caso do cantor. Neste caso, a associação política pode ser positiva na hora das eleições, contudo, alerta que geralmente o apoio não é o quanto a classe espera ao se associar com uma celebridade.  

“Nós ainda estamos conhecendo esse processo sobre a força que as personalidades possuem na influência do consumo de qualquer segmento a cada dia, cada eleição e cada pesquisa. Ainda estamos vivenciando esse processo e precisamos de mais episódios e demais dados concretos para a gente chegar a uma conclusão”, afirma.

Além disso, Rejaine pontua possíveis demandas que podem dificultar a probabilidade de uma vitória nas eleições, e até dificultar a articulação e os debates políticos, como os contratos superfaturados com prefeitos de cidades para shows e a parceria com casas de apostas que levaram a um indiciamento pela Justiça de Pernambuco ainda em setembro de 2024. 

Porém, a pesquisadora afirma que Lima possui fatores que podem alavancar o cantor ao mesmo tempo que concorre às eleições. “Essa foi a pesquisa mais ampla, do ponto de vista onde apresentou o maior número de candidatos de oposição ao atual presidente. Isso é muito bom, democraticamente falando, porque se você tem sangue novo, tem cara nova, novas experiências, novas oportunidades, isso tende a contribuir, independente dele ser celebridade ou não.”