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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Cargos no Paço

Vereadores já pedem a Mabel a “parte que lhes cabe da herança”

Fontes revelaram ao O Hoje que a intenção do prefeito é limitar as cotas de cargos comissionados a R$ 50 mil por parlamentar. No entanto, a proposta tem gerado insatisfação entre os vereadores

Postado em 17 de janeiro de 2025 por Bruno Goulart
Vereadores já pedem a Mabel a “parte que lhes cabe da herança”
Foto: Alex Malheiros

Com o retorno das atividades legislativas em Goiânia se aproximando, os vereadores já começaram a pressionar o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) pela definição de seus espaços na administração municipal. Após a posse, e com o primeiro e segundo escalões do Executivo já definidos, os parlamentares buscam garantir suas cotas de cargos comissionados, prática muito comum na política brasileira.

Fontes ouvidas pelo O Hoje disseram que cada vereador da base governista, isto é, que vai apoiar Mabel na Câmara de Goiânia, deve receber uma cota de até R$ 50 mil para contratações de pessoal. Contudo, esse valor tem sido considerado “pouco”’ pelos parlamentares, que já comparam a atual gestão com a do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). Na gestão anterior, não havia uma regra fixa para essas indicações, com alguns vereadores recebendo cotas que variavam de R$ 30 mil a R$ 800 mil. “Era uma farra bem desproporcional”, revelou uma fonte ao O Hoje.

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A nova administração, no entanto, pretende adotar um modelo mais restritivo. Mabel sinalizou a intenção de limitar essas cotas a valores fixos, entre R$ 30 mil e R$ 50 mil. No entanto, isso tem gerado insatisfação nos corredores do Legislativo, com alguns parlamentares cogitando até mesmo acionar o presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), para interceder em seu favor.

Crise no Paço

Se é que Mabel vai definir as cotas em no máximo R$ 50 mil, não sabemos. Pode até ser que ele seja mais generoso em troca de apoio político. Mas sua proposta é coerente, pois reflete dois grandes desafios enfrentados por sua gestão. O primeiro é a necessidade de reduzir despesas, em meio a uma crise fiscal que exige cortes em contratos, gastos com pessoal e revisão de acordos firmados. O prefeito vem batendo na tecla que a redução de gastos é sua prioridade, mas isso pode dificultar a construção de uma base política sólida na Câmara.

O segundo desafio é a sombra da gestão de Rogério Cruz, marcada por uma forte influência da Câmara na divisão de poder. Naquele período, os vereadores, especialmente os do “alto clero”, ocupavam pastas estratégicas com total autonomia, em um modelo conhecido como “porteira fechada”. Isso permitia que cada vereador, por meio de secretários indicados, gerisse as políticas públicas de suas respectivas áreas como se fossem prefeituras independentes.

Esse cenário consolidou o conceito de “prefeituras paralelas” e criou um modelo político difícil de desconstruir. Agora, Mabel busca centralizar a administração, mantendo o controle sobre a gestão, mas ainda oferecendo algum espaço aos vereadores, em um formato mais limitado. O prefeito sabe que terá que lidar com a resistência de parlamentares habituados a maior poder.

Apesar das tensões, nem todos os vereadores estão focados em garantir cargos. Alguns afirmaram ao O Hoje que preferem atuar de forma independente, sem busca por espaços na administração. Essa postura contrasta com a maioria, que enxerga na distribuição de cargos uma forma de consolidar sua influência política e atender às demandas de suas bases eleitorais.

Cargos comissionados

O Diário Oficial do Município (DOM) divulgou, na última semana, o quantitativo de cargos comissionados na Prefeitura de Goiânia. A Secretaria de Saúde lidera com 114 vagas. O gabinete do prefeito terá 61 cargos, sendo 3 para secretarias-extraordinárias. Por outro lado, a vice-prefeitura possui a menor estrutura, com apenas 4 comissionados. A Secretaria da Casa Civil foi incorporada ao gabinete do prefeito, e todas as pastas terão chefias de gabinete, enquanto 25 das 28 contarão também com secretários-executivos, exceto prefeito, vice e Agência de Regulação.

A distribuição das demais vagas inclui: Secretaria de Gestão de Negócios (62), Fazenda (64), Administração (44), Comunicação (37), Saúde (114), Educação (34), Infraestrutura (40), Planejamento e Urbanismo (26), entre outras. As agências e institutos também foram contemplados, como a Agência de Regulação (14), GoiâniaTur (17), e a Guarda Civil (21). Algumas estruturas, como a Comurg e a CMTC, não tiveram informações divulgadas. 

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