Lula sofre três derrotas consecutivas e caminha para a quarta
Apesar da crise do pix, a PEC da Segurança Pública e do o envio de representantes para a posse de Maduro, retorno do imposto sindical surge como próxima ameaça
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acumula três derrotas seguidas e pode estar caminhando para a quarta com a pauta engatilhada para estourar nas próximas semanas. Começou com a polêmica do envio de representantes para a posse do ditador Nicolás Maduro da Venezuela, acompanhada pelo desgaste seguido pela submissão de Lula em acatar as exigências dos governadores na PEC da Segurança Pública e a situação, que ainda não foi totalmente decifrada, das novas regras que foram anunciadas pela Receita Federal (suposta taxação do pix), na qual o chefe de Estado teve que voltar atrás.
O líder petista pode estar caminhando para outra crise: o projeto de lei que deve ser apresentado ao Congresso do retorno do imposto sindical. O presidente sindicalista e os trabalhadores podem rivalizar com a disputa que abalará as estruturas do governo nos próximos dias.
Após o presidente enviar Gilvânia Maria de Oliveira, a embaixadora em Caracas, para a posse do ditador venezuelano, governadores de Goiás, Minas Gerais e Pará repudiam a ação. Opositores como Ronaldo Caiado (União) e Romeu Zema (Novo) e o aliado Helder Barbalho (MDB) levantaram críticas contundentes ao governo, que embasou a sua eleição na imagem de um democrata, opositor do autoritarismo. À exemplo da declaração de Caiado que afirmou, na ocasião, que “o governo Lula tem a obrigação moral de cancelar a ida do embaixador brasileiro à posse do ditador Nicolás Maduro e de cobrar, de forma contundente, a liberdade de Maria Corina Machado, sequestrada pelo regime por liderar a oposição venezuelana”. Embora, depois da grande repercussão internacional, Corina tenha sido solta sem nenhum problema anunciado oficialmente.
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Do mesmo modo, o conflito que já se arrastava por algumas semanas, estourou em um impasse cataclísmico, novamente, entre governadores e Lula. A Proposta de Emenda Constitucional da Segurança Pública entrou na contramão da autonomia dos governos locais de administrar sua própria defesa. O projeto centralizava diversas decisões e ainda implantava mecanismos de controle por meio dos repasses de recursos para os estados. Posteriormente, em uma clara demonstração de derrota, o ministro da justiça, Ricardo Lewandowski, envia novo texto “revisado, com sugestões de governadores e de membros do próprio Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi enviado à Casa Civil da Presidência da República”, diz nota oficial.
A terceira crise envolveu o presidente e a população em mistura de desinformação com fatos que realmente afetaria, caso não tivesse voltado atrás, os bolsos dos brasileiros. As novas regras que foram anunciadas pela Receita Federal, para o ano de 2025, intensificaram o controle das atividades financeiras dos brasileiros e objetivavam punir sonegadores. De acordo com a instituição, as movimentações, por mês, acima R$ 15 mil para empresas e de R$ 5 mil para pessoas físicas, realizadas por instituições de pagamentos e por operadoras de cartão de crédito seriam monitoradas. Medida poderia dificultar a vida dos prestadores de serviço.
E agora, a proposta que pretende abalar as próximas semanas é a do retorno da obrigatoriedade do imposto sindical. O projeto, que ainda está sendo discutido nas assembleias das categorias de trabalhadores, indica que a taxa descontada na folha de pagamento será fixada em 1% do rendimento anual do trabalhador. Em outras situações, os próprios trabalhadores se opuseram à imposição da taxa. A apresentação da proposta entra em convergência com as pautas mais ideológicas do presidente Lula e a crise do pix demonstrou que os brasileiros não querem mais ser onerados.