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sábado, 22 de fevereiro de 2025
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Análise

Com Lula enfraquecido, Centrão avalia riscos e oportunidades: agir agora ou perder 2026

Diante da queda na popularidade de Lula e da desorganização da direita, o Centrão pode se reposicionar para evitar prejuízos eleitorais em 2026, enquanto pressiona por reforma ministerial e avalia opções como uma terceira via

Postado em 21 de fevereiro de 2025 por Bruno Goulart
Com Lula enfraquecido, Centrão avalia riscos e oportunidades: agir agora ou perder 2026
Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Bruno Goulart

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um cenário de crescente fragilidade política, com a aprovação do petista em queda livre e a base aliada no Congresso cada vez mais inquieta. Para o Centrão, bloco formado por partidos que compõem a base de apoio do governo, o momento é de decisão: agir agora para garantir espaço político e evitar prejuízos eleitorais em 2026 ou correr o risco de ficar atrelado a uma gestão desgastada.

A pesquisa Datafolha divulgada recentemente mostrou que a aprovação de Lula caiu para 24%, o menor patamar de suas três passagens pelo Palácio do Planalto, enquanto a reprovação subiu para 41%. Esse cenário de desgaste preocupa o Centrão, que vê na queda de popularidade do presidente uma ameaça às suas próprias chances eleitorais em 2026.

Reforma ministerial

Uma das principais demandas do Centrão é a reforma ministerial, que está em discussão há meses. O bloco cobra mais espaço no primeiro escalão do governo, especialmente em pastas estratégicas como Saúde, que já tem o atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, cotado para assumir a pasta, além de Cidades. No entanto, o PT resiste em abrir mão de ministérios importantes, o que tem gerado atritos entre os aliados.

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A urgência pela reforma se deve a dois fatores principais. Primeiro, os nomes cotados para assumir os cargos estão há meses em uma espécie de “limbo político”, sem definição, o que amplia o desgaste com aliados. Segundo, o prazo de desincompatibilização para as eleições de 2026 se aproxima. A partir de abril do próximo ano, quem desejar se lançar candidato precisará deixar o governo, o que deixaria pouco tempo para novos ministros implementarem ações significativas.

Um líder aliado de Lula afirmou que o ideal seria realizar a reforma até o Carnaval, enquanto o Congresso ainda está em recesso, para evitar mal-estar na base no início do ano legislativo. Caso contrário, o governo pode enfrentar dificuldades para aprovar suas pautas prioritárias no Congresso.

Riscos

Para o Centrão, manter o apoio a Lula até 2026 pode ser um risco eleitoral. Com a popularidade do presidente em queda, os partidos do bloco temem que o eleitorado associe suas candidaturas ao desgaste do governo. Além disso, a falta de espaço no primeiro escalão limita a capacidade do Centrão de construir uma imagem positiva para 2026.

Ao O HOJE, o cientista político Felipe Fulquim avalia que o Centrão está diante de uma oportunidade única. “Com a popularidade de Lula abalada e a direita desorganizada, o bloco pode se reposicionar como uma alternativa independente”, explica. O fato de Jair Bolsonaro estar inelegível e às vias de ser preso também impulsiona essa movimentação. “O Centrão vê uma chance de não depender de figuras como Lula ou Bolsonaro, mas de ter um representante próprio”, afirma Fulquim.

Diante desse cenário, a ideia de uma terceira via ganha força entre os partidos do Centrão. A avaliação é que, com a esquerda desgastada e a direita fragilizada, há espaço para um projeto político que una partidos de centro e atraia eleitores insatisfeitos com os extremos.

No entanto, a construção de uma terceira via não é simples. O Centrão é um bloco heterogêneo, com partidos que vão da centro-direita à centro-esquerda, o que dificulta a definição de uma agenda comum. Além disso, a falta de um nome com apelo nacional é um obstáculo a ser superado.

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