Fenômeno raro transforma mar de praia brasileira em espetáculo azul fluorescente
Bioluminescência transforma ondas em espetáculo azul fluorescente na Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP); entenda

Quem esteve na Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP), recentemente presenciou um fenômeno impressionante e raro: o mar brilhou intensamente em um tom azul fluorescente. O espetáculo natural, conhecido como bioluminescência, surpreendeu moradores e turistas, que registraram o momento e compartilharam nas redes sociais.
O que causa o brilho nas ondas
A Fundação Florestal (FF), órgão da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), explicou que o fenômeno registrado em Ubatuba é relativamente comum e, provavelmente, foi causado por microalgas dinoflageladas, como a Noctiluca scintillans. Essas algas emitem luz quando estimuladas por movimentos das ondas.
Segundo a FF, a proliferação dessas algas pode ser influenciada por fatores ambientais como temperatura elevada, nutrientes na água e condições específicas de maré e correntes. “Embora a bioluminescência não represente risco direto aos banhistas, é importante observar sinais de florações de algas nocivas, como mudanças na cor da água ou excesso de espuma, que podem indicar eventos de maré vermelha”, explicou o órgão em nota.
O biólogo José Ataliba detalhou que a luminescência acontece devido à reação química de um pigmento chamado luciferina em contato com o oxigênio. “Isso ocorre principalmente no verão, porque o aumento da temperatura da água e a maior concentração de nutrientes — às vezes trazidos pela chuva — estimulam a proliferação dessas algas”, disse Ataliba em entrevista ao g1.
O oceanógrafo Hugo Gallo ressaltou que não há um padrão fixo para a ocorrência do fenômeno. “Não é algo que vemos toda hora, nem todo ano. Uma série de fatores precisam se alinhar para que ele ocorra”, afirmou. Ele explicou que o brilho fica mais intenso nas ondas porque o movimento da água ativa a luminescência. “Se você entrar na água e mexer as mãos, vai parecer o ‘pozinho de pirlimpimpim‘”, comparou, citando O Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Assunto viralizou nas redes sociais
Para quem presenciou o fenômeno, a experiência foi inesquecível. O influenciador Leo Dantas afirmou que a combinação das ondas luminosas com o céu estrelado criou um cenário digno de filme. “Quando a Lua se pôs, o brilho da água ficou ainda mais evidente devido à escuridão e encantou todos os presentes que foram chegando com cadeiras de praia para observar o fenômeno”, relatou.
As imagens foram publicadas no Instagram @vidaCaiçara.uba, administrado por Dantas, que acumula mais de 1,5 milhão de seguidores. Os vídeos do fenômeno ultrapassaram 500 mil visualizações. “Postei os vídeos nas minhas redes e espalhou pelo Brasil inteiro, estamos muito felizes com tudo isso”, disse ele.
A Fundação Florestal orienta que, para observar o fenômeno, o ideal é ir à praia em noites sem lua ou com pouca luminosidade e evitar luzes artificiais fortes. Embora o fenômeno seja seguro em proliferações naturais, a FF recomenda evitar o contato excessivo com a água, principalmente com os olhos ou ingestão.
A Praia de Itamambuca está localizada dentro de uma Área de Proteção Ambiental Marinha (APA) e tem como gestores os biólogos da Fundação Florestal.
Veja o vídeo abaixo:
Água brilhante pode indicar poluição?
Apesar do espetáculo, o último boletim da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), aponta que a praia está parcialmente imprópria para banho. A maior parte da faixa de areia tem bandeira verde, mas a área próxima ao Rio Itamambuca, que deságua no mar, está sinalizada com bandeira vermelha.
A bioluminescência pode estar associada à presença de nitrogênio na água, elemento que pode ter origem em esgotos e dejetos de animais, mas isso não significa, necessariamente, que o local está poluído.
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