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terça-feira, 18 de março de 2025
Momento oportuno

Oposição quer aproveitar embalo para avançar projeto pró-anistia no Congresso

Apesar das mobilizações, projeto ainda enfrenta um acirrado debate e, consequentemente, divide lideranças 

Postado em 18 de março de 2025 por Felipe Cardoso
Câmara dos Deputados Foto ABR
Câmara dos Deputados Foto ABR

A proposta de anistia para os condenados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023, que envolveram a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, tem ganhado força no cenário político nacional. O Projeto de Lei que visa conceder perdão aos envolvidos nas depredações conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, por sinal, mobilizou aproximadamente 20 mil pessoas em protesto sobre o tema no último domingo, no Rio de Janeiro. 

Ao discursar para o público presente, Bolsonaro disse que a matéria conta com o apoio de ninguém menos que Gilberto Kassab, o líder do PSD e uma das figuras mais influentes do famoso centrão. A declaração mexeu com os bastidores da  política nacional, que hoje, por sinal, já espera impactos políticos em relação à matéria.

A resposta, na visão da maioria, deve vir com a celeridade em relação a tramitação do texto, aproveitando a onda dos últimos dias. Os defensores da tese defendem não só uma tramitação acelerada como também uma pacificação em relação aos extremismos políticos às vésperas do período eleitoral. 

Para eles, ao invés de manter as divisões que marcaram os últimos anos no Brasil, as ações de janeiro seriam resultado de desinformação, e a anistia seria uma forma de evitar punições severas a indivíduos que agiram de forma impulsiva. A proposta é vista como um gesto de pacificação, para que o país avance sem reviver os conflitos políticos intensificados.

Contudo, a proposta também encontra forte resistência. “Não há espaço para discutir PL de Anistia. Quem cometeu crime contra o Estado Democrático de Direito, contra a democracia, não pode ser anistiado. Ele (Bolsonaro) nem foi condenado ainda, isso só pode (acontecer após uma decisão) no Supremo, portanto, ele não pode ser anistiado. O que eu puder fazer para impedir isso, eu vou fazer na Câmara dos Deputados”, afirmou, por exemplo, José Guimarães, líder do Governo Lula, na Câmara. A entrevista foi concedida à reportagem do Tempo. 

Críticos, como o líder, alegam que a anistia representaria um ataque às instituições democráticas do país. Para eles, a responsabilização dos envolvidos nos atentados é fundamental para garantir que o Brasil não enfrente novas tentativas de subversão. A anistia, argumentam, poderia enviar a mensagem de que a impunidade é aceitável, enfraquecendo o Estado de Direito e incentivando outros atos semelhantes.

Leia mais: Gustavo Gayer critica Ronaldo Caiado por defesa de anistia aos presos de 8 de janeiro

Dentro do Congresso, o PL ainda enfrenta um acirrado debate. Aliados de Bolsonaro, especialmente entre os defensores de sua ideologia, são os principais apoiadores da proposta, vendo-a como uma forma de corrigir o que consideram “injustiças” cometidas contra os envolvidos. No entanto, parlamentares da oposição e líderes do judiciário veem a anistia como um erro perigoso. 

Embora o apoio à proposta cresça, sua tramitação no Congresso está longe de ser simples. O PL precisa passar por várias etapas legislativas antes de ser aprovado, e o caminho até a sua aprovação completa é incerto. A expectativa é de que a votação aconteça em breve, dada a articulação crescente de líderes políticos, mas o processo pode ser prolongado devido à resistência de algumas bancadas. Mais do que isso: sobretudo pela incerteza do Centrão. 

A anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro se insere em um contexto de forte polarização política, alimentada pelas disputas eleitorais de 2022. A proposta reflete uma tentativa de reconfigurar a política brasileira pós-eleições, dividindo ainda mais os grupos que apoiaram Bolsonaro e os que se opuseram ao seu governo. Se aprovada, a anistia representaria uma nova fase da relação entre os dois lados da polarização política no país.

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