O Vaticano confirmou que o papa Francisco faleceu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de coma e colapso cardiovascular irreversível. A morte ocorreu às 7h35, horário local (2h35 em Brasília), no apartamento em que ele morava, na Casa Santa Marta. A informação foi divulgada oficialmente pelo Escritório de Imprensa da Santa Sé e detalhada pelo diretor de Saúde e Higiene do Vaticano, professor Andrea Arcangeli.

Jorge Mario Bergoglio, de 88 anos, havia acordado às 6h (horário local) e aparentava estar relativamente bem, após um domingo marcado por rituais e celebrações de Páscoa. Cerca de uma hora depois, ele apresentou um quadro de mal-estar. A rápida piora culminou na sua morte pouco depois. O comunicado oficial da Santa Sé confirmou que o pontífice foi vítima de um AVC dentro de um contexto agravado por insuficiência cardíaca.

Pontífice enfrentava histórico de doenças e internações prolongadas

A saúde do papa já vinha inspirando cuidados havia meses. Em fevereiro, ele passou mais de 30 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma, com um quadro de pneumonia causada por múltiplos agentes infecciosos. A gravidade da infecção respiratória havia levantado dúvidas sobre sua recuperação. Fontes próximas ao Vaticano afirmaram, na época, que médicos chegaram a discutir a suspensão de tratamentos curativos para adotar cuidados paliativos.

No atestado de óbito divulgado pelo Vaticano, consta de forma detalhada a progressão clínica que levou ao falecimento do pontífice. O documento, assinado pelo responsável médico, informa que a morte foi determinada por registro eletrocardiotanatográfico e foi provocada por um derrame cerebral, coma e colapso cardiocirculatório irreversível. O laudo médico também lista como antecedentes clínicos: insuficiência respiratória aguda por pneumonia bilateral, bronquiectasia múltipla, hipertensão e diabetes tipo II.

Apesar de a nota do Vaticano não detalhar em qual cômodo o papa estava no momento da morte, sabe-se que ele costumava passar as manhãs em oração e leitura. A escolha por viver fora dos luxuosos aposentos papais do Palácio Apostólico foi interpretada por muitos como um gesto que refletia seu estilo pastoral mais próximo dos fiéis.

O que é um AVC?

O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, especialista em doenças cerebrovasculares, explica que o AVC é uma emergência médica com duas formas principais de manifestação. A mais comum é o AVC isquêmico, causado pela obstrução do fluxo sanguíneo para o cérebro. Já o AVC hemorrágico ocorre quando há o rompimento de um vaso sanguíneo, provocando sangramento cerebral. “No caso do tipo hemorrágico, o quadro tende a ser mais grave, pois o sangue extravasado agride o tecido cerebral e pode elevar perigosamente a pressão dentro do crânio, o que exige intervenção imediata”, explica Espíndola.

Ambas as formas impedem o cérebro de receber oxigênio e nutrientes, o que pode causar danos irreversíveis.

O médico também alerta para os sinais de alerta que podem passar despercebidos: formigamento em um lado do corpo, perda de força, visão embaçada ou dupla, dificuldade para levantar os braços, sorriso torto, náuseas, vômitos e alterações na fala são sintomas comuns de um AVC.

Leia o certificado de óbito do Papa Francisco na íntegra:

“Certifico que Sua Santidade Francisco (Jorge Mario Bergoglio), nascido em Buenos Aires (Argentina) em 17 de dezembro de 1936, residente na Cidade do Vaticano, cidadão do Vaticano, faleceu às 7h35 do dia 21/04/2025 em seu apartamento na Domus Santa Marta (Cidade do Vaticano) devido a: – AVC CEREBRAL – COMA – COLAPSO CARDIOCIRCULATÓRIO IRREVERSÍVEL – Em um sujeito afetado por: – Episódio anterior de insuficiência respiratória aguda em pneumonia multimicrobiana bilateral – Bronquiectasia múltipla – Hipertensão arterial – Diabetes tipo II. A morte foi determinada por registro eletrocardiotanatográfico. Declaro que as causas da morte, segundo meu conhecimento e consciência, são as indicadas acima.”

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