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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Congresso

Federações redesenham jogo político e ameaçam reeleição de Lula

Partidos do Centrão apostam em federações, consolidam nova correlação de forças para 2026 e podem romper de vez com o governo petista

Thiago Borgespor Thiago Borges em 14 de maio de 2025
Federações redesenham jogo político e ameaçam reeleição de Lula
Foto: Reprodução

O pluripartidarismo brasileiro caminha, cada vez mais, para um afunilamento. Com a cláusula de barreira, que impede partidos de acessar o Fundo Eleitoral e possuir tempo de televisão com base no resultado eleitoral, as siglas enxergam nas fusões e federações uma sobrevida. No caso das siglas expoentes do Centrão, os caciques vislumbram a oportunidade de capitalizar o poderio político — o qual eles já dominam. 

No Congresso Nacional, o Centrão articula as negociações com os demais poderes e, nos últimos tempos, tomou para si o protagonismo político. As emendas parlamentares se tornaram o principal objeto dos deputados e senadores e uma verdadeira demonstração de força do Legislativo. O dinheiro público destinado pelos parlamentares é parcela importante da saúde financeira dos municípios, e alçou o Congresso a outro patamar de relevância. 

As grandes siglas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que já possuem poder de barganha quando sentam à mesa com o Executivo, caminham para alavancar essa força. Com as federações e os principais partidos das Casas condensando suas forças entre si, o caminho da política brasileira é um semipresidencialismo forçado, com o poder Executivo cada vez mais cedendo nas disputas com as novas coligações. 

Os novos rumores em Brasília apontam que o MDB e o Republicanos podem caminhar para uma federação. Os dois partidos somados teriam 89 deputados e 15 senadores — o que daria à aliança a terceira maior bancada da Câmara e a maior do Senado. 

Além de MDB e Republicanos, outra aliança, essa já firmada, que irá mexer no tabuleiro político é a federação União Progressista — que une o União Brasil ao Progressistas (PP). A aliança, que reúne a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 109 deputados, a maior no Senado Federal, com 14 senadores, e o maior número de governadores (6), prefeitos (1.330) e vereadores (12.443), nasceu como a maior força política do País.

2026 em jogo

O capital político das alianças seria importante e disputado entre os candidatos ao Palácio do Planalto em 2026. Uma das exigências das federações é que os partidos atuem juntos nos Estados e na disputa nacional por, no mínimo, quatro anos. As credenciais indicam o papel que será protagonizado pelas federações na disputa eleitoral do ano que vem. 

Os novos grupos políticos têm projetado o desembarque do projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A federação MDB e Republicanos, caso aconteça, deve afastar os partidos do atual governo. Atualmente, o Republicanos possui o principal cotado para ser o substituto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como representante da direita na disputa pelo Palácio do Planalto: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. 

Personagens importantes da cúpula emedebista — como o presidente nacional, deputado Baleia Rossi, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes — são próximos de Tarcísio e não iriam se opor a um projeto que coloque o governador como próximo presidente da República. Neste cenário, o apoio do PSD, de Gilberto Kassab, é também visto como o caminho natural, já que o pessedista é próximo de Tarcísio. 

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Fora da base de Lula

A aliança entre União Brasil e PP já deu sinais de que não deve seguir na base de Lula. Antes mesmo da federação, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, era oposição ferrenha ao atual governo. O grupo União Progressista terá direito ao maior tempo de televisão e à maior parcela do fundo eleitoral, ou seja, todo aparato possível para construir candidaturas competitivas. 

Alinhado a todo este cenário está o mal relacionamento de Lula com o Centrão. A reforma ministerial, que era tratada como o principal trunfo do Executivo para negociar com os partidos, abriu pouco espaço para as legendas de centro. Hoje, a esperança do petista é costurar acordos e uma boa relação com as siglas através do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Porém, o cenário provável é que o alto escalão do Centrão não caminhe com Lula na próxima corrida eleitoral. (Especial para O Hoje)

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