Estudo comprova impacto dos animais no bem-estar emocional
Universidade de Kent aponta que cães e gatos aumentam a felicidade e devem ser reconhecidos como parte da estrutura familiar
Um estudo inédito da Universidade de Kent, no Reino Unido, confirma o que muitos tutores já intuíram: viver com um animal de estimação, especialmente cães e gatos tem um impacto no bem-estar emocional. A presença desses companheiros eleva os níveis de felicidade de forma semelhante a eventos marcantes da vida, como o casamento ou o convívio frequente com amigos e familiares, revelando que os pets ocupam um papel social essencial na vida moderna.
A pesquisa analisou mais de 2.600 respostas de 769 participantes do Estudo Longitudinal de Domicílios do Reino Unido. Os dados foram ajustados por variáveis como idade, escolaridade, renda, personalidade e estado civil, e a equipe utilizou uma metodologia estatística rigorosa, chamada “variável instrumental”, para distinguir correlação de causalidade. Isso significa que o estudo foi capaz de demonstrar que não são apenas pessoas naturalmente mais felizes que adotam animais: o ato de ter um pet, por si só, contribui para elevar os níveis de felicidade.
As implicações ultrapassam o campo afetivo e tocam áreas como políticas públicas e habitação. Diante dos resultados, os pesquisadores defendem a ampliação da presença de animais em espaços coletivos e programas de acolhimento emocional, além da revisão de legislações habitacionais que dificultam a convivência com pets em imóveis alugados. Iniciativas que promovam o convívio humano-animal, especialmente em contextos urbanos e solitários, podem gerar impactos positivos mensuráveis para o bem-estar social.
O estudo também levanta questões jurídicas importantes. Em muitos países, os animais ainda são legalmente classificados como propriedade, o que, em situações de separação conjugal ou disputas familiares, os relega a uma condição de objeto. A equipe de Kent defende uma reavaliação dessa visão, propondo que os pets sejam reconhecidos como integrantes do núcleo familiar, com direitos mais próximos aos de um dependente emocional.
A pesquisa reafirma o que muitos tutores já sentem na prática: cães e gatos não são apenas animais de companhia, mas fontes legítimas de apoio afetivo, equilíbrio psicológico e qualidade de vida. Trata-se, portanto, de uma relação que merece reconhecimento social, jurídico e institucional, à altura da alegria que esses companheiros de quatro patas oferecem todos os dias.