Esquerda francesa critica título concedido a Lula por proximidade com Putin
Concessão do título de doutor honoris causa ao presidente brasileiro pela Sciences Po gerou polêmica entre os progressistas do país europeu
A concessão do título de doutor honoris causa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última sexta-feira (6) pela Sciences Po, uma das instituições acadêmicas mais prestigiadas da França, gerou forte reação entre setores da esquerda francesa.
Lula recebeu o título dado por mérito, sem necessidade do homenageado defender uma tese, na Universidade Paris 8 e foi homenageado pela Academia Francesa. Porém, o gesto, parte da agenda oficial do petista em Paris, foi criticado pelo jornal Libération — principal veículo à esquerda no país.
Em editorial, a publicação questiona a proximidade do chefe do Executivo com líderes de regimes autoritários. “Não é possível hoje conceder um doutorado honoris causa a Lula, próximo demais de Putin”, diz um trecho da publicação. No texto, o presidente é elogiado por seu passado como símbolo da “resistência democrática”, porém, sua atuação no contexto geopolítico atual — que segundo a publicação, relativiza as agressões da Rússia na guerra contra a Ucrânia — faz com que o título seja “altamente contestável”.
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Além disso, a publicação também relembra a participação de Lula no desfile militar de 9 de maio, na Praça Vermelha, em Moscou, na Rússia. Na ocasião, o presidente foi visto ao lado de presidentes autoritários como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da China, Xi Jinping. O jornal alega que o desfile procurou associar a invasão russa ao território ucraniano com a luta contra o nazismo.