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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
doenças respiratórias

Casos de doenças respiratórias disparam em Goiás com chegada do inverno

Circulação antecipada de vírus como o influenza e o sincicial, somada à baixa cobertura vacinal, eleva internações

Micael Silvapor Micael Silva em 25 de junho de 2025
Entre os sintomas mais comuns estão espirros, coriza, obstrução nasal e dor de garganta Foto:Freepik
Entre os sintomas mais comuns estão espirros, coriza, obstrução nasal e dor de garganta Foto:Freepik

No dia 20 de junho começou oficialmente o inverno. Com isso, as baixas temperaturas e a redução da umidade do ar, características marcantes desta estação, tornam-se fatores agravantes para o surgimento ou agravamento de doenças respiratórias, especialmente sinusite, asma, rinite, entre outras. Vale ressaltar que a rinite é uma condição altamente prevalente, afetando cerca de 40% da população brasileira. Por isso, nesta época do ano, são necessários cuidados especiais para evitar complicações de saúde.

Com a chegada desta época, hospitais em Goiás começam a registrar maior procura por atendimentos relacionados a doenças respiratórias, como rinite, sinusite e bronquite. No Hospital de Doenças Tropicais (HDT), referência no atendimento a infecções, o cenário é de sazonalidade conhecida, mas com algumas particularidades em 2025. A diretora técnica da unidade, a infectologista Dra. Vivian Furtado, explica que o aumento já é perceptível desde março, antecipando o padrão histórico.

“Todo ano a gente tem essa sazonalidade no meio do ano. É a época mesmo. A maioria das internações entre maio e agosto é por doenças respiratórias infecciosas do trato respiratório. Esse ano, porém, o vírus sincicial respiratório começou a circular mais cedo, desde março, o que provocou um aumento nos casos antes do previsto”, afirma a diretora.

Segundo ela, a baixa cobertura vacinal contra a gripe também é uma preocupação. “O que tem sido diferente este ano é justamente esse índice mais baixo de vacinação para influenza, o que contribui para a maior circulação de vírus respiratórios, especialmente o influenza e o vírus sincicial. Já os casos de Covid-19 estão bem baixos”, completa.

Apesar do crescimento nos casos, o HDT não precisou adotar um plano emergencial para o período. “O hospital já está habituado com esse ciclo. A gente não precisou reforçar equipe nem fazer operação especial. O que muda é o perfil das internações. No período chuvoso, temos mais casos como dengue ou picadas de cobra e escorpião, que exigem internações rápidas, de três a cinco dias. Já nas síndromes respiratórias, os pacientes ficam mais tempo, alguns chegam a ser entubados. É uma mudança esperada no perfil dos atendimentos”, explica a médica.

O aumento dos casos de doenças respiratórias durante o inverno não é por acaso. De acordo com a infectologista, o frio e a baixa umidade do ar criam condições ideais para a circulação de vírus como o influenza e o sincicial respiratório, que afetam principalmente o trato respiratório superior. “Faz parte do ciclo natural dos vírus. Eles circulam com mais força nesse período do ano, tanto aqui quanto no hemisfério norte. Já nos meses mais quentes e úmidos, praticamente não há circulação de vírus respiratórios”, explica.

A médica destaca que, embora a queda de temperatura no Brasil não seja tão acentuada quanto em outros países, a baixa umidade do ar e o aumento da poeira já são suficientes para irritar as vias respiratórias e facilitar infecções. “A umidade do ar abaixo de 60% já é prejudicial. Isso resseca as mucosas, facilita a entrada de vírus e agrava quadros respiratórios. É muito comum vermos um aumento de casos de rinite, sinusite, gripes e resfriados nessa época.”

Entre os sintomas mais comuns, estão espirros, coriza, obstrução nasal e dor de garganta. “Quando é um resfriado, os sintomas se limitam geralmente ao nariz entupido e espirros. Mas, quando se trata de uma gripe verdadeira, como a causada pelo vírus influenza, os sintomas são mais intensos: febre, dor no corpo, dor nas articulações e prostração. Essa gripe derruba mesmo, principalmente adultos”, afirma.

A Dra. Vivian chama atenção para a possibilidade de complicações: “Em pessoas vacinadas, o quadro tende a ser mais leve. Mas o vírus da influenza pode causar pneumonia viral, que não tem tratamento com antibiótico. Nesses casos, só o antiviral Tamiflu é indicado, e precisa ser iniciado logo no começo dos sintomas. Os quadros mais graves, com tosse intensa e falta de ar, exigem hospitalização e podem descompensar doenças crônicas, como cardíacas, renais ou diabetes”.

Vacinação é a principal forma de prevenção

A médica reforça a importância da vacinação anual contra a gripe, especialmente entre os grupos de risco. “Gestantes, crianças pequenas, idosos, pacientes com doenças cardíacas, pulmonares, renais, pessoas vivendo com HIV, ou com doenças autoimunes — todos devem se vacinar. A vacina está disponível gratuitamente na rede pública e pode evitar complicações sérias”, alerta.

Ela também reforça os cuidados básicos de prevenção, que continuam eficazes mesmo após a pandemia: “Evitar aglomerações se estiver com sintomas, higienizar bem as mãos, tossir com etiqueta, não compartilhar objetos, são atitudes simples, mas muito eficazes. A maioria das contaminações acontece pelo toque, quando levamos a mão contaminada ao rosto”.

Por fim, a especialista alerta sobre a baixa cobertura vacinal em Goiás. “Infelizmente, a adesão à vacina contra a gripe está muito abaixo do ideal. Por isso, reforço: qualquer pessoa pode e deve ir a uma unidade básica de saúde e se vacinar. É uma medida de cuidado coletivo. Inclusive, todos os médicos, independentemente da especialidade, deveriam sempre lembrar seus pacientes da importância de manter a vacinação em dia”, conclui.

Nos primeiros seis meses de 2025, Goiás já contabilizou 6.150 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que representa 82,27% do total registrado ao longo de todo o ano de 2024. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e apontam um aumento de 51,21% em comparação com o mesmo período do ano passado.

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