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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Governança Global

Lula fala em “colapso sem paralelo” do multilateralismo e condena ações da Otan 

O chefe de Estado novamente polemizou e fez críticas às ações do governo de Israel em Gaza, chamando-as de “genocidas”. Também apontou para o fracasso das intervenções no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria 

Raunner Vinicius Soarespor Raunner Vinicius Soares em 8 de julho de 2025
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Lula: “No vazio dessas crises não solucionadas, o terrorismo encontrou terreno fértil” || Foto Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou em “colapso sem paralelo” do multilateralismo e condenou ações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O líder da esquerda também criticou as intervenções que classificou como “ilegais”, destacou o papel dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul) na paz global e pediu uma nova governança internacional. As declarações foram feitas durante a abertura da 17ª Cúpula, neste último domingo (6), no Rio de Janeiro, e reforçaram o posicionamento de Lula mais afastado dos valores e interesses do bloco ocidental. 

Em sua fala, o presidente alertou para o aumento do número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial e criticou a recente decisão da Otan, que, segundo Lula: “Alimenta a corrida armamentista”. Além disso, o petista questionou ainda o desequilíbrio na alocação de recursos globais. “É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para a assistência oficial ao desenvolvimento”, afirmou. 

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O mandatário também apontou para o fracasso das intervenções no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria, ao classificá-las como desastrosas e com efeitos prolongados sobre a estabilidade no Oriente Médio, Norte da África e no Sahel. “No vazio dessas crises não solucionadas, o terrorismo encontrou terreno fértil”, pontuou Lula. 

Reforma profunda 

O presidente brasileiro argumentou sobre a necessidade de uma reforma profunda na governança global, denunciou o colapso do multilateralismo e criticou o papel atual da Organização das Nações Unidas (ONU) diante das guerras e crises que assolam o planeta. Lula destacou que esta é a quarta vez que o Brasil sedia uma cúpula dos Brics, mas alertou que o cenário atual é o mais adverso desde a criação do grupo.  

Segundo o presidente, a ONU, que completou 80 anos em junho, está testemunhando um “colapso sem paralelo” do multilateralismo. “O direito internacional se tornou letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias”, afirmou Lula.  

O chefe do Palácio do Planalto citou a Conferência de Bandung como referência histórica e relembrou que os países do Brics são herdeiros do movimento de nações não alinhadas. Lula também ressaltou que a autonomia dos países do Sul Global está em risco, com ameaças a avanços como os regimes internacionais de comércio e de clima. 

Lula polemizou 

O presidente Lula fez críticas às ações do governo de Israel em Gaza, chamando-as de genocidas. Ao mesmo tempo, condenou o terrorismo e afirmou que o Brasil repudia atentados como os da Caxemira e os ataques do Hamas. “Absolutamente nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas. Mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza”, declarou. 

Lula também destacou a defesa brasileira pela integridade territorial do Irã e da Ucrânia e ressaltou o papel do grupo de amigos pela paz, criado por Brasil e China, para buscar uma saída negociada ao conflito ucraniano. 

Ao final do seu discurso, Lula afirmou que o Conselho de Segurança da ONU perdeu legitimidade e eficácia e pediu sua transformação com a inclusão de novos membros permanentes da Ásia, África, América Latina e Caribe. “Incluir novos membros permanentes […] é mais do que uma questão de justiça, é garantir a própria sobrevivência da ONU”, disse. O presidente também lembrou que essa é uma das prioridades da presidência brasileira do G20, que lançou um chamado à ação sobre a reforma da governança global. (Especial para O Hoje)

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