Covid-19 segue ativa em Goiás e baixa vacinação acende alerta
Estado já soma mais de 15 mil casos confirmados neste ano, além de internações e mortes
A Covid-19 já não ocupa mais as manchetes diárias como nos primeiros anos da pandemia, mas os números atuais mostram que o vírus segue ativo e perigoso em Goiás. Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) revelam que o Estado acumula, até agosto, 15.036 casos confirmados da doença, além de 22.013 suspeitos em investigação. A taxa de incidência chega a 214 casos para cada 100 mil habitantes.
Mais preocupante, no entanto, é o número de casos graves que evoluíram para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo coronavírus. Somente neste ano, foram 355 internações hospitalares e 77 mortes confirmadas. Para especialistas, o dado revela que, apesar do cenário de maior controle, a Covid-19 continua representando risco significativo, especialmente para grupos mais vulneráveis.
O crescimento dos casos pode ser explicado por um conjunto de fatores. Um deles é o retorno das aulas e o aumento da circulação de pessoas após o período de férias, o que favorece a disseminação do vírus em ambientes fechados. Outro motivo é a queda na procura pela vacinação.
Atualmente, a vacina contra a Covid-19 faz parte do calendário nacional, mas está disponível apenas para grupos prioritários. A cobertura vacinal, porém, é considerada baixa. Entre crianças menores de 1 ano, por exemplo, apenas 1,70% receberam a vacina em Goiás, contra 3,08% no Brasil. O índice preocupa autoridades de saúde, já que a baixa adesão reduz a proteção coletiva e aumenta o risco de novas ondas de contaminação.
Além disso, a circulação de variantes mais transmissíveis também tem influenciado o aumento das notificações. Embora a maioria dos casos apresenta sintomas leves, parte deles evolui para quadros graves que exigem internação.
A jornalista Bárbara Ferreira é uma das pessoas que testaram positivo para Covid-19 em 2025. Ela relata que os primeiros sintomas foram discretos, mas rapidamente evoluíram.
“Comecei a sentir um leve desconforto na garganta. Resolvi fazer um teste por segurança, porque convivo com meus avós, e acabou dando positivo. Já no terceiro dia de isolamento, passei a sentir dor de cabeça persistente, fraqueza no corpo e dificuldade para respirar, já que tenho asma”, contou.
Apesar de ter recebido todas as doses da vacina, a jovem precisou se afastar das atividades e seguir recomendações médicas. “O médico pediu que eu repousasse, me hidratasse bastante e ficasse em isolamento por sete dias. Caso tivesse piora da respiração, deveria procurar imediatamente uma emergência.”
A cientista política Ludmila Rosa também enfrentou a doença recentemente. “Senti garganta arranhando, cansaço, febre e sonolência. Resolvi fazer o teste porque vários servidores estavam doentes. O resultado foi positivo”, disse.
Ludmila preferiu não buscar atendimento médico de imediato, mas seguiu as orientações de isolamento e cuidados básicos. “Já tive Covid outras vezes e consegui compreender os limites do meu corpo. Nos dois primeiros dias fiquei muito ruim, mas melhorei progressivamente. Apenas o cansaço e a sonolência ainda permanecem. Sem dúvida, a vacina fez diferença para que os sintomas não fossem mais graves.”
Prevenção continua sendo essencial diante da circulação do vírus
Diante dos números, a SES-GO reforça que, mesmo em um cenário de aparente normalidade, a prevenção continua sendo essencial. As recomendações incluem manter a vacinação em dia, adotar medidas de higiene, como lavar as mãos com frequência e usar álcool em gel, além de utilizar máscara em caso de sintomas gripais.
“A Covid-19 não desapareceu. O vírus segue circulando e ainda provoca internações e mortes. A melhor forma de reduzir riscos é manter a vacinação em dia e adotar cuidados simples no dia a dia”, informou a secretaria em nota.
Idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas permanecem sendo os grupos mais vulneráveis às complicações. Para eles, a atenção deve ser redobrada, tanto com a imunização quanto com medidas de prevenção no cotidiano.
A SES também orienta que pessoas com sintomas gripais evitem frequentar escolas, creches e ambientes de trabalho até a melhora completa, a fim de reduzir a transmissão. Em caso de dificuldade para respirar ou piora no estado geral, a recomendação é buscar atendimento médico imediato.
Além disso, a secretaria lembra que, embora os números atuais estejam longe do cenário crítico de 2020 e 2021, a Covid-19 ainda deve permanecer como um desafio de saúde pública nos próximos anos. A baixa cobertura vacinal e a circulação de novas variantes são fatores que exigem vigilância contínua. O alerta é claro, a Covid-19 ainda está entre nós, e o descuido pode trazer consequências graves.