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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Importante

Novidades no visto americano: o que mudou e como se preparar

Especialistas explicam que, apesar de regras mais rigorosas, a preparação e a documentação correta continuam sendo a chave para a aprovação

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 3 de setembro de 2025
9 abre 1 Arquivo I Agencia Brasil
Foto: Arquivo/ABr

Nos últimos anos, a divulgação de políticas de endurecimento migratório nos Estados Unidos (EUA), especialmente durante o governo Donald Trump, gerou no imaginário coletivo a ideia de que conseguir um visto americano se tornou praticamente impossível. 

Muitos brasileiros passaram a acreditar que as portas para o País estavam fechadas, que profissionais qualificados não seriam aceitos e que obter autorização dependia apenas da sorte. No entanto, especialistas afirmam que a realidade é muito diferente.

“O número de aprovações continua alto, principalmente para vistos de estudo e trabalho. A grande mudança foi o aperfeiçoamento dos mecanismos de triagem”, explica Vinicius Bicalho, advogado especialista em imigração americana, professor e membro da American Immigration Lawyers Association (Aila). 

Segundo ele, os consulados agora analisam não apenas documentos formais como renda, vínculos com o Brasil e histórico de viagens, mas também aspectos subjetivos, incluindo comportamento, declarações e presença digital.

Na prática, isso significa que o consulado pode negar o visto se houver indícios de antiamericanismo, entendido como manifestações hostis aos Estados Unidos, suas instituições ou seu povo. “É uma avaliação mais ampla, mas não altera os prazos formais para a maioria dos solicitantes”, ressalta Bicalho. Ele acrescenta que, para brasileiros, o rigor extra visa principalmente identificar intenções de imigração ocultas e não penalizar quem cumpre corretamente os requisitos.

Mônatha Nogueira, jornalista e empresária, compartilha sua experiência: “Tirei meu visto em janeiro de 2020, pouco antes do lockdown da Covid-19. O processo foi simples: entrei no site da embaixada, busquei informações sobre os tipos de visto, preenchi a documentação exigida e agendei a entrevista. Meu visto foi aprovado na primeira vez, e fiz tudo sozinha, sem agência ou assessoria.”

Outro solicitante relata experiência semelhante: “Fiz todo o processo sozinho e passei de primeira em junho de 2024. Acredito que a preparação e documentação correta fazem toda a diferença. Não é sorte, é planejamento”. Ele ainda acrescenta que, apesar das mudanças recentes, o atendimento consular tem se mostrado ágil e transparente, principalmente em cidades com unidades consulares consolidadas como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Ao contrário do mito de que os EUA não recebem profissionais estrangeiros, há forte demanda por trabalhadores qualificados em setores como tecnologia da informação, saúde, engenharia, energia renovável e inteligência artificial. Entre os vistos de trabalho mais procurados, destacam-se o O-1A, voltado a pessoas com habilidades extraordinárias, e os EB-1 e EB-2, que concedem residência permanente a profissionais de destaque.

Em 2023, mais de 16 mil vistos O-1A foram aprovados, representando crescimento de 20% em relação aos anos anteriores, de acordo com dados da U.S. Citizenship and Immigration Services (Uscis). Já os vistos EB-1 e EB-2 tiveram mais de 2.100 aprovações para brasileiros entre janeiro e agosto de 2024, um aumento de 58% em comparação ao ano anterior.

“O solicitante bem orientado não depende da sorte. Ele entra na entrevista com segurança, conhece os processos de imigração e apresenta documentos corretos”, afirma o especialista. Ele destaca que, com mais de 180 tipos de visto disponíveis, o diferencial está em escolher a categoria adequada e comprovar vínculos sólidos com o Brasil.

Mônatha completa: “No dia da entrevista, entreguei documentos, fiz fotos e respondi perguntas sobre meu nome, profissão, renda, intenção da viagem, local onde ficaria e duração da estadia. Tudo foi transparente, sem dificuldades. A preparação foi essencial para o sucesso.”

EUA tornam obrigatória entrevista para visto e elevam taxa a US$ 435

A partir do dia 2 de setembro de 2025, a entrevista presencial tornou-se obrigatória para todos os solicitantes de visto, incluindo crianças menores de 14 anos e idosos acima de 80 anos, anteriormente isentos. A mudança afeta turistas, viajantes a negócios e estudantes, mas mantém exceções para vistos diplomáticos, oficiais e militares, além de casos de renovação dentro de 12 meses.

Além disso, a taxa de emissão do visto de não imigrante aumentou com a criação da Taxa de Integridade do Visto, no valor de US$ 250, que se soma aos US$ 185 já existentes, totalizando US$ 435 (aproximadamente R$ 2 mil). Essa medida visa garantir a segurança e integridade do processo, mas não impede o acesso a quem cumpre os requisitos.

Outro ponto de atenção é a fiscalização do antiamericanismo, que inclui a análise de redes sociais, vínculos com grupos ou atividades hostis aos EUA e declarações públicas. Qualquer indício de postura contrária aos valores americanos pode resultar na negativa do visto.

“É uma triagem rigorosa, mas para quem cumpre todos os critérios e apresenta documentação completa, o processo segue normalmente. A maioria dos brasileiros não terá problemas”, comenta Bicalho. Ele acrescenta que o governo americano busca proteger o País e a integridade do sistema, mas não impede a entrada de profissionais e estudantes qualificados.

As novas medidas incluem também verificações detalhadas de intenções de imigração, especialmente para estudantes que poderiam usar o visto temporário para residência permanente. O governo procura assegurar que o processo seja transparente e que cada solicitante demonstre suas reais intenções.

Para brasileiros que ainda sentem receio, especialistas recomendam atenção redobrada na hora de apresentar documentos, revisar informações em redes sociais e manter registros claros de vínculos no Brasil. Com orientação adequada, planejamento e clareza sobre o objetivo da viagem, é possível navegar com segurança pelas novas regras sem depender da sorte.

Em resumo, o mito de que obter visto americano é uma questão de sorte, que as portas estão fechadas ou que profissionais qualificados não têm espaço é infundado. Os números, os relatos de candidatos aprovados e a análise de especialistas mostram que, com preparação adequada, documentação correta e orientação profissional, conseguir um visto é possível e cada vez mais acessível.

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