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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Desafio inusitado

Falta de mão de obra desafia varejo goiano em meio a recorde de empregos

Mesmo com taxa de desemprego no menor nível em 12 anos e mais de 5 mil vagas efetivas abertas no comércio, setor enfrenta dificuldades para contratar

Letícia Leitepor Letícia Leite em 10 de setembro de 2025
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Envelhecimento da população, novas profissões e mudanças pós-pandemia ajudam a explicar cenário. Foto: iStock

A poucos meses do fim do ano, quando o varejo se prepara para datas estratégicas como o Dia das Crianças, a Black Friday e o Natal, o comércio goiano enfrenta um desafio inusitado: a escassez de mão de obra. Mais de 5 mil vagas efetivas estão abertas em todo o Estado, mas lojistas encontram dificuldades crescentes para contratar profissionais.

A situação contrasta com os dados recentes da economia goiana. No segundo trimestre de 2025, Goiás registrou 3,89 milhões de pessoas ocupadas, o maior contingente desde o início da série histórica, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisada pelo Instituto Mauro Borges (IMB). 

O crescimento foi de 1,9% em relação ao trimestre anterior, impulsionado principalmente pelo comércio, que expandiu em 6,5% e atingiu 820 mil trabalhadores. A taxa de desemprego caiu para 4,4%, a menor em 12 anos.

Mesmo nesse cenário positivo, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), José Reginaldo Garcia, alerta para um “apagão de mão de obra” que afeta não apenas o Estado, mas todo o País. “Hoje os lojistas vivem uma disputa acirrada no setor para conseguir contratar. Nós temos milhares de vagas disponíveis, principalmente em lojas de shopping center”, afirma.

Por que faltam trabalhadores, mesmo com vagas abertas?

Garcia explica que os shoppings são os mais impactados pela demanda proporcionalmente maior: cada centro de compras concentra centenas de lojas e, em conjunto, gera um volume expressivo de oportunidades. Grandes redes e lojas âncoras estão entre as que mais necessitam de mão de obra.

Outro fator é a mudança de perfil dos jovens trabalhadores. Com a ascensão da internet e das profissões digitais, como a criação de conteúdo online, muitos preferem caminhos alternativos ao emprego formal no comércio. “O setor produtivo em geral tem enfrentado esse desafio de atrair novas gerações para o trabalho formal. Mas o varejo segue com seu valor, dando oportunidades tanto para quem quer empreender quanto para quem quer seguir carreira nas empresas”, destaca o presidente do sindicato.

Além disso, tendências demográficas, como o envelhecimento da população, e comportamentais, como a busca por novos estilos de vida pós-pandemia, também ajudam a explicar a falta de interesse em funções tradicionais do comércio. Especialistas acrescentam que o aumento da escolaridade também contribui, já que muitos jovens formados preferem áreas distintas do varejo, o que amplia a pressão sobre as lojas.

Atualmente, as funções mais demandadas são operador de caixa, atendente, estoquista, vendedor, gerente de vendas, empacotador e auxiliar administrativo. A dificuldade não está apenas na quantidade de candidatos, mas também na qualificação para atender às necessidades do setor, que exige dinamismo, bom relacionamento interpessoal e disponibilidade para horários flexíveis.

O que pode ser feito?

Entre as alternativas para atrair trabalhadores, Garcia cita a necessidade de ajustes nas regras de programas de transferência de renda, de forma que os beneficiários possam ingressar no emprego formal sem perder imediatamente seus auxílios. “Isso permitiria uma transição mais segura para o trabalhador e, ao mesmo tempo, ajudaria as empresas a preencherem suas vagas”, sugere.

Outro caminho é a flexibilização da jornada de trabalho, em sintonia com as novas demandas sociais. Dentro do possível, muitas empresas já oferecem benefícios como planos de saúde, bonificações, auxílios diversos e planos de carreira. 

Apesar das dificuldades, Garcia se mostra otimista: se os lojistas conseguirem manter seus quadros efetivos até o fim do ano, em meio ao crescimento econômico e às datas mais fortes para o varejo, já será uma vitória diante do atual apagão de mão de obra.

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