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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Exclusivo

“Temos projeto para Goiás pensando nos próximos 30 anos”, diz Marconi

Em entrevista ao programa Momento Político, do O HOJE, ex-governador relembra realizações de seus mandatos, rebate acusações de dívidas e obras inacabadas e afirma que Goiás colhe hoje frutos de políticas estruturadas no passado

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 16 de setembro de 2025
“Temos projeto para Goiás pensando nos próximos 30 anos”, diz Marconi
Marconi Perillo também foi deputado estadual, deputado federal e senador por Goiás. Foto: O HOJE

Bruno Goulart

Ex-governador de Goiás por quatro mandatos e atual presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo voltou a se posicionar sobre os rumos do Estado em entrevista exclusiva ao programa Momento Político do O HOJE. Em tom firme, o ex-chefe do Executivo estadual fez um balanço de sua trajetória política, defendeu o legado tucano no Brasil e em Goiás e não poupou críticas ao modelo adotado pela atual gestão. Para Marconi, seus governos se diferenciam pela capacidade de planejamento e execução de políticas públicas de longo prazo, ao contrário do que avalia ser a marca do governo de Ronaldo Caiado (União Brasil).

“Goiás está colhendo o que foi plantado, o que foi planejado lá atrás. Você não vai para frente se não tiver estratégia definida. A minha observação e a minha crítica ao atual modelo de governo é que faltou isso. Faltou estratégia, sobrou discurso. Faltou planejamento, sobrou improviso”, declarou.

Obras, programas e legado

Marconi usou a entrevista para listar entregas de seus quatro mandatos e rebater a acusação de ter deixado obras inacabadas. “A obrigação do governo que entra é terminar o que foi começado. Afinal de contas, é desperdício de dinheiro quando você não termina”, destacou.

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O tucano citou como exemplo programas sociais como o Bolsa Universitária, o Banco do Povo e o Vapt Vupt, além da construção de 88 estações de tratamento de esgoto, 63 colégios militares, mais de 150 escolas padrão século XXI, 90 unidades do Vapt Vupt e milhares de quilômetros de rodovias pavimentadas.

Segundo o ex-governador, esses investimentos tiveram reflexo direto na economia. “O PIB de Goiás, na época em que assumi, era de R$ 17 bilhões. Nós deixamos com R$ 220 bilhões, mais de 12 vezes de crescimento. As exportações foram multiplicadas por 28 vezes. A industrialização deu um salto estrondoso em Goiás”, ressaltou.

Futuro político

“Temos projeto para Goiás pensando nos próximos 30 anos”, diz Marconi
Jornalista Wilson Silvestre entrevista ex-governador de Goiás. Foto: O HOJE

No cenário estadual, Marconi avalia que Caiado quase foi derrotado em 2022. O ex-governador lembra que, somados, os votos da oposição chegaram a 49,5% e poderiam ter levado a disputa ao segundo turno. Para o tucano, isso mostra que existe espaço para uma alternância de poder em Goiás.

Sobre rumores de que está isolado politicamente, o presidente nacional do PSDB afirma que prefeitos tendem a gravitar em torno do governo estadual por receio de retaliações. “Tem muito prefeito que continua dizendo que é da base do governo com medo. Medo de perseguição, medo da polícia fazer busca e apreensão, medo de ser retaliado com falta de obras, que aliás quase não tem”, criticou.

Ainda assim, o tucano garante que o eleitor goiano tem comparado os modelos de gestão. “Desde que eu saí do governo, há 7 anos e meio, as pessoas foram refletindo e analisando. Caso o PSDB entre no páreo, teremos um projeto para Goiás pensando nos próximos 30 anos. O que está acontecendo hoje veio lá de trás”, disse.

Dívidas e contas públicas

Outro ponto polêmico enfrentado por Perillo foi a acusação de que teria deixado Goiás endividado. Ele rebateu com números. “Peguei o governo numa situação dez vezes pior do MDB há 28 anos. Em 1999, tínhamos quatro folhas de pagamento em atraso e a maior dívida proporcional do Brasil. Ao final dos meus governos, Goiás devia menos de uma vez à União, 0,9. Essa é a realidade”, afirmou.

O tucano ainda destacou que implantou medidas que valorizaram o funcionalismo. “Fui o governador que coloquei o 13º para ser pago no mês do aniversário do servidor desde julho de 1999. E a partir de 2000 comecei a pagar o salário no mês vencendo, antes do mês terminar. Isso foi uma revolução”, declarou.

Críticas ao Fundeinfra

Ao comentar o Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), criado no atual governo, Perillo foi incisivo. Para Marconi, a cobrança de 1,5% da renda bruta dos produtores rurais é prejudicial ao setor e carece de transparência.

“Caiado disse num dia que jamais criaria a taxa do agro e no outro criou. Hoje, centenas de produtores estão em dificuldade, muitos em recuperação judicial. Além disso, o pior é que esse fundo repassa dinheiro para um privado executar obras sem licitação. Isso é um absurdo, é criminoso”, criticou.

PSDB e o cenário nacional

Ao falar sobre a trajetória do partido que comanda nacionalmente, Marconi ressaltou o papel histórico da legenda em reformas estruturais no Brasil. “Ninguém discorda que o PSDB e os governos do PSDB foram estruturadores desse Brasil novo. Foi um divisor de águas da história do Brasil”, afirmou.

O ex-governador lembrou que conquistas como o Plano Real, os medicamentos genéricos, o Fundef, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a criação de programas sociais marcaram a gestão tucana. “O PSDB foi o partido da Lei de Responsabilidade Fiscal, dos programas sociais, do fim da inflação, do celular na mão de todo brasileiro. Nós governamos o País e implementamos políticas estruturantes”, pontuou.

Apesar disso, Marconi reconhece que o partido perdeu espaço político nos últimos anos. Segundo o presidente nacional da sigla, a ascensão do bolsonarismo alterou a polarização que antes existia entre PSDB e PT. Ainda assim, diz estar empenhado em reorganizar a legenda, com foco em aumentar a bancada federal e lançar candidatos a governos estaduais.

Planejamento como marca

Para Marconi, o grande diferencial de seus governos foi a capacidade de planejar Goiás para o futuro. O tucano sustenta que a atual administração privilegia a propaganda em vez de ações concretas. “Faltou uma visão de longo prazo e sobrou narrativa política que não condiz com a realidade. Nós fizemos governos planejados, pensando lá na frente, e é por isso que Goiás colhe os frutos até hoje”, afirmou.

O ex-governador encerrou a entrevista em tom de reflexão: “Não estou aqui para fazer críticas pessoais, mas para debater a realidade. O povo goiano tem discernimento e sabe comparar. Nossos governos plantaram, planejaram e fizeram. Essa é a diferença”. (Especial para O HOJE)

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