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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
plano Brasil Soberano

Exportadores de Goiás terão crédito de até R$ 40 bilhões para enfrentar tarifaço dos EUA

Plano Brasil Soberano oferece linhas subsidiadas do BNDES para reduzir impacto das tarifas americanas

Micael Silvapor Micael Silva em 20 de setembro de 2025
Para acessar os recursos, as empresas precisam verificar sua elegibilidade no site do BNDES, por meio do certificado digital na plataforma Gov.br Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA
Para acessar os recursos, as empresas precisam verificar sua elegibilidade no site do BNDES, por meio do certificado digital na plataforma Gov.br Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

Empresas exportadoras de Goiás que foram atingidas pela tarifa de até 50% imposta pelos Estados Unidos (EUA) já podem se habilitar a receber crédito do plano Brasil Soberano, anunciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O pacote soma R$ 40 bilhões e tem como objetivo amenizar os prejuízos das barreiras comerciais impostas pelo governo de Donald Trump, que atingiram em cheio setores estratégicos da economia goiana.

Do total, R$ 30 bilhões virão do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), enquanto outros R$ 10 bilhões serão disponibilizados diretamente pelo BNDES. Os recursos poderão ser usados para capital de giro, como salários, fornecedores e contas do dia a dia, além da compra de máquinas e equipamentos, adaptação da atividade produtiva e até para a busca de novos mercados. 

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, reforçou que a concessão do crédito será condicionada à manutenção de empregos. “O BNDES vai socorrer todas as empresas, e a contrapartida é manter os empregos para a economia continuar crescendo, e o País não ser prejudicado por essas medidas autoritárias, unilaterais e injustificadas.”

O economista Luiz Carlos Ongaratto avalia que a medida é a resposta mais eficaz para o momento. Segundo ele, o valor de R$ 40 bilhões será distribuído para financiar desde pequenos até grandes empresários que dependiam do mercado americano. 

“A estratégia de financiamento é a melhor solução de curto prazo, pois as negociações com os EUA não estão evoluindo. Incentivos fiscais não geram efeito imediato no caixa das empresas e seriam mais complexos de implementar e encerrar depois”, destacou.

De acordo com Ongaratto, a tendência é que o impacto do tarifaço seja menor do que o estimado inicialmente, já que companhias como os frigoríficos estão redirecionando parte de sua produção para outros países. “As perdas estimadas no início do tarifaço tendem a ser expressivamente menores, porque muitas empresas já estão encontrando alternativas de mercado”, afirmou.

Ainda assim, ele ressalta que há um limite de recursos por empresa, o que pode ser um desafio para quem perdeu contratos expressivos com os Estados Unidos. “O maior obstáculo às empresas seria o montante limitado a cada uma. As grandes terão valor máximo de financiamento de R$ 200 milhões, enquanto as médias, pequenas e microempresas terão R$ 35 milhões”, explicou.

Em Goiás, os setores mais expostos ao tarifaço são o de carnes, açúcar e couro. Apenas a carne bovina desossada congelada movimentou US$ 150,4 milhões em exportações para os EUA, enquanto o açúcar de cana e refinado somou US$ 32,3 milhões. O couro e peles, sem pelo, também estão entre os produtos goianos que entraram na lista de taxação. Além deles, frutas, milho, café, peixes e hortaliças podem enfrentar dificuldades para competir no mercado norte-americano.

Estudos preliminares apontam que Goiás pode perder até R$ 1,4 bilhão em seu Produto Interno Bruto (PIB) caso as tarifas sejam mantidas, com efeito cascata sobre toda a cadeia produtiva. A queda nas exportações pode afetar desde o pequeno produtor rural até as grandes indústrias de processamento, além de impactar setores de transporte e serviços que dependem do comércio exterior.

Para acessar os recursos, as empresas precisam verificar sua elegibilidade no site do BNDES, por meio do certificado digital na plataforma Gov.br. As companhias com pelo menos 5% do faturamento bruto anual composto por produtos atingidos poderão acessar os R$ 30 bilhões do FGE. 

Já os R$ 10 bilhões do BNDES estarão disponíveis para empresas com qualquer nível de impacto no faturamento. Após a consulta, a recomendação é que os empresários procurem o banco com o qual já têm relacionamento, enquanto grandes companhias podem negociar diretamente com o próprio BNDES.

Com o pacote, o governo federal espera dar fôlego financeiro para que as empresas goianas mantenham empregos e encontrem alternativas de mercado. A expectativa é de que a linha de crédito evite uma queda brusca na produção e preserve o dinamismo da economia do Estado. 

Para Ongaratto, a solução atende à urgência do problema: “É um movimento para garantir liquidez imediata às exportadoras. Sem esse crédito, muitas delas poderiam não ter caixa suficiente para segurar suas operações até o realinhamento das vendas internacionais.”

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