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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Mercado suíno

Goiás se consolida como potência na produção de carne suína

Estado ultrapassa SP em número de cabeças, fortalece o Sudoeste Goiano como polo e projeta expansão para exportações, mas ainda tem no mercado interno seu principal destino

Letícia Leitepor Letícia Leite em 26 de setembro de 2025
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Apesar do avanço das exportações brasileiras, 75% da carne suína goiana ainda é consumida no mercado interno. Foto: Shutterstock

O setor de suinocultura goiano vive um momento de expansão. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal 2024, divulgada pelo Instituto Brasilerio de Geografia e Estatística (IBGE), Goiás registrou 1.555.453 cabeças de suínos no último ano, crescimento de 0,85% em relação a 2023, ultrapassando São Paulo e garantindo o 7º lugar no ranking nacional. A mudança de posição reflete tanto o avanço da produção goiana quanto a retração paulista, que perdeu 6,9% do rebanho.

No Brasil, o efetivo total alcançou 43,9 milhões de animais, alta de 1,8% no período, com destaque para os Estados do Sul, que seguem liderando: Santa Catarina (9,32 milhões), Paraná (7,30 milhões) e Rio Grande do Sul (6,17 milhões). Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul completam o bloco dos seis maiores produtores. Goiás, agora na sétima posição, aparece como um novo polo competitivo no cenário nacional.

Dentro do Estado, a força da suinocultura está concentrada no Sudoeste Goiano, especialmente em Rio Verde, que sozinho responde por 375.780 cabeças, quase um quarto do efetivo estadual. Logo atrás aparecem Jataí (110 mil cabeças) e Montividiu (49,5 mil cabeças).

Segundo o presidente da Associação Goiana de Suinocultores (AGS), Bruno Mariano, essa concentração não é por acaso. Ele explica que o Sudoeste reúne todos os fatores: proximidade das lavouras de milho, principal insumo da alimentação animal, malha viária estruturada, frigoríficos habilitados e mão de obra qualificada, e que desde 1999, quando a Perdigão instalou seu projeto em Rio Verde, essa região se tornou referência e segue com potencial de novos investimentos, especialmente em projetos de integração.

De acordo com ele, ainda que outras regiões do Estado tenham condições de expandir, é no Sudoeste que novos empreendimentos de médio e longo prazo devem se instalar. É uma região preparada, que já conta com “genética, a parte de nutrição, a parte de instalações, a parte de medicamentos, sanidade animal, também já estão aqui na região”, que são serviços especializados voltados à cadeia suinícola.

A produção de carne suína exige alto investimento inicial em infraestrutura e tecnologia, além de custos fixos que impactam diretamente na rentabilidade. Entre eles, o mais pesado é a alimentação, responsável por cerca de 70% do custo de uma granja.

O milho é o insumo-chave. A proximidade das lavouras garante não só preço mais competitivo, mas também qualidade e logística. “Às vezes é mais caro você transportar um quilo de suíno, do que você transportar um quilo de milho”, avalia Mariano. Essa relação é fundamental para manter a rentabilidade do produtor goiano.

Apesar dos altos custos de manutenção como energia, mão de obra, biosseguridade e bem-estar animal, o setor consegue manter estabilidade. Segundo o presidente, a suinocultura em Goiás equilibra produção independente com grandes integrações, como a da BRF em Rio Verde, garantindo tanto abastecimento do mercado interno quanto potencial de exportação.

Mercado interno ainda domina

Bruno acrescenta que embora o Brasil seja o terceiro maior exportador de carne suína do mundo, cerca de 75% da produção nacional permanece no mercado interno. Em Goiás, a realidade não é diferente.

“A BRF é o único hoje que exporta em Goiás […] Nós temos mais três frigoríficos específicos de suína que estão aumentando o seu potencial, mas ainda não tem ainda a habilitação para exportação, não tem o SIF”, explica Mariano. Enquanto isso, a maior parte da carne produzida vai para o consumo doméstico, abastecendo Goiás e outros Estados.

O Brasil exporta atualmente para cerca de 90 países, com destaque para China, Filipinas e Chile. A China, que por anos foi o maior comprador, vem reduzindo suas importações após fortalecer sua produção interna. Mesmo assim, o País segue como parceiro estratégico, ao lado de mercados emergentes na Ásia e América do Sul.

No consumo interno, o cenário também é positivo. “Nos últimos dez anos, nós saímos de 14 kg para mais de 20 kg de carne suína por habitante/ano”, reforça. Ainda temos espaço para crescer, principalmente ao combater mitos sobre a carne suína e diversificar cortes e produtos processados.

Com a conquista da 7ª posição nacional, Goiás se firma como um Estado estratégico para o futuro da suinocultura brasileira. A infraestrutura já instalada no Sudoeste, a integração com a produção de grãos e o avanço de frigoríficos habilitados para exportação apontam para novas oportunidades.

Goiás aponta potencial para crescer, mas deve se consolidar na posição em que está, já que “os seis estados que estão na nossa frente têm terras, espaço e tradição de produção, têm indústrias, têm cooperativas, principalmente as três do sul”.

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