Brasil deve registrar mais de 73 mil casos de câncer de mama em 2025
Levantamento do Inca mostra baixa cobertura de rastreamento e concentração de diagnósticos no Sudeste
O câncer de mama continua sendo a principal causa de morte oncológica entre mulheres no Brasil. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) projetam 73,6 mil novos diagnósticos em 2025, mantendo a doença como um dos maiores desafios de saúde pública.
Em 2023, mais de 20 mil brasileiras morreram em decorrência do tumor. O levantamento mostra que, nos últimos três anos, houve redução da mortalidade em mulheres de 40 a 49 anos, mas um aumento expressivo em idades mais avançadas — sobretudo acima dos 80 anos. O grupo entre 50 e 69 anos concentra o maior número de óbitos.
A desigualdade regional também aparece nos números. O Sudeste lidera em incidência, enquanto Santa Catarina registra a maior taxa entre os estados. Na mortalidade, Roraima, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul figuram no topo.
Apesar de avanços no tempo entre diagnóstico e início do tratamento, especialmente na região Sul, a cobertura de rastreamento segue muito baixa. O Inca recomenda que 70% das mulheres façam mamografia a cada dois anos, mas há estados do Norte com índice em torno de 5%; no Espírito Santo, a taxa é de 33%.
Renata Maciel, responsável pela área de detecção precoce no Inca, reconhece que a ampliação da cobertura precisa ser prioridade: “Ainda estamos longe da meta. Sem rastreamento organizado, mulheres seguem chegando ao tratamento com tumores em estágio avançado”.
O Ministério da Saúde aposta no programa Agora Tem Especialista, criado para reduzir a fila de espera e garantir início rápido do tratamento. Segundo o diretor José Barreto, além de encurtar prazos, a estratégia inclui a incorporação de novos medicamentos ao SUS.
O Outubro Rosa, mês de mobilização nacional, ganha mais uma vez contornos de urgência: a mensagem central é que o tempo pode definir o desfecho da doença.