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sábado, 6 de dezembro de 2025
ECONOMIA

Produção de pequi registra queda de 22% e afeta a oferta e o preço do fruto

Esta oscilação no preço do pequi é um reflexo da diminuição da produção, que foi influenciada por mudanças climáticas, queimadas e a dificuldade de encontrar mão de obra

Caroline Gonçalvespor Caroline Gonçalves em 8 de outubro de 2025
Pequi
A redução de 22% na produção de pequi impacta diretamente o mercado, com oscilações de preço e desafios para a oferta do produto Foto: Ênio Tavares

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), que revelou que em 2024 houve uma queda de 22% na produção de pequi no Estado de Goiás. Essa redução afetou diretamente o valor do fruto na comercialização.

A produção de pequi caiu para 2,9 mil toneladas em 2024, o que gerou um valor de produção de R$ 4,5 milhões, um montante bem abaixo dos R$ 5,62 milhões de 2023. A flutuação de preços também trouxe incertezas ao mercado, com impacto tanto os produtores quanto os consumidores, especialmente durante a safra.

A escassez de pequi em Goiás tem levado a uma oscilação dos preços. Em 2024, o preço de uma caixa com 30 kg de pequi chegou a R$ 120 no início da safra, mas, com a redução na oferta, o valor diminuiu rapidamente para R$60. Em 2023, o valor da caixa chegou a R$ 100, mas os preços variam conforme a disponibilidade do produto e o momento da safra. Neste ano, a caixa do pequi também chegou a R$ 120.

Esta oscilação no preço é um reflexo da diminuição da produção, que, por sua vez, é influenciada, segundo Josué Lopes, gerente das Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa-GO), por fatores como as mudanças climáticas e as secas prolongadas. “Isso ocorre por algumas questões também em relação a queimadas e alguns fatores vão se somando. E existe também aquela tradição, de falar que um ano dá mais, o outro ano dá menos. Alternadamente, isso também já é conhecido, essa oscilação”, comentou.

Apesar do índice registrado na queda da produção do ano passado, Josué comentou que não dá para encarar essa situação como uma temporada escassa. “Eu não vejo escassez. O produto está sempre ofertado na época da safra. Tem produto ao longo do ano, tem também os produtos congelados ou em polpas, não se pode falar em escassez”, afirmou.

Esse fruto é o símbolo da culinária goiana. De acordo com a Lei nº 23.713, instituída no dia 30 de setembro deste ano, o arroz com pequi passou a ser reconhecido oficialmente como um patrimônio cultural imaterial goiano. Outros pratos, como a galinhada e frango ao molho com pequi, evidenciam o quanto o fruto faz parte da identidade gastronômica do Estado. 

 

Não vai faltar pequi

O gerente do Ceasa explicou que, mesmo com a queda na produção, não deve haver falta do fruto na mesa. Mas comerciantes e consumidores podem esperar o impacto no bolso. “O pequi continua disponível, seja fresco ou processado, como congelado ou em polpa, para atender à demanda ao longo do ano. A questão está na oscilações de preço e na dificuldade de encontrar o produto em alguns momentos específicos da safra”, comentou.

Para os produtores, a dificuldade em encontrar mão de obra também tem sido um desafio constante. O pequi é um produto extrativista, ou seja, precisa ser colhido diretamente do Cerrado. E isso exige equipes especializadas. A dificuldade de contratar trabalhadores tem agravado ainda mais a situação, já que a extração manual não pode ser substituída por processos mecanizados. “A escassez de mão de obra é um dos principais fatores que contribui para a redução na produção. Precisamos de trabalhadores capacitados para a coleta, e isso tem sido um desafio”, afirmou Josué.

Expectativa de melhora

Apesar das dificuldades atuais, a expectativa é de recuperação na safra de 2025, com o aumento das chuvas e melhores condições climáticas. A produção de pequi sempre teve um padrão cíclico, com anos de maior oferta e outros com menor produção. Os especialistas dizem acreditar que o ano de 2025 pode trazer uma melhora no cenário.

A pesquisa do IBGE também apontou que, no ano de 2024, o valor de produção do pequi representou 13,7% do total da extração vegetal de Goiás, uma queda considerável em relação aos 37,1% registrados em 2023. Isso mostra como o impacto da redução na produção afeta a economia local e o mercado de pequi, um dos principais produtos extrativistas do Estado.

A diminuição de 22% na produção de pequi em Goiás tem gerado desafio, como a oscilação de preços e a dificuldade de encontrar mão de obra são problemas enfrentados pelos produtores, enquanto os restaurantes e consumidores têm se adaptado à menor oferta e ao preço mais alto. Contudo, a culinária goiana continua a valorizar o pequi como um ingrediente e prato essencial.

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