Governadores de oposição se reúnem em Brasília, e pedem adiamento do Projeto Antifaçção
Oposição a Lula se articula para adiar votação do Projeto Antifacção e fortalecer protagonismo das polícias estaduais
Em meio à escalada da violência e ao acirramento da disputa política sobre segurança pública, governadores de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram nesta quarta-feira (12), em Brasília, para articular uma frente comum em torno do projeto de Lei Antifacção. O encontro, realizado na sede da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, contou com a presença de Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Cláudio Castro (PL-RJ), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Jorginho Mello (PL-SC) e da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP-DF).
Durante a tarde, o grupo se encontrou com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para defender o adiamento da votação do projeto — uma proposta do Ministério da Justiça que endurece o combate às facções criminosas e está sob relatoria do deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Os governadores pediram um prazo de pelo menos 30 dias antes da apreciação do texto, alegando falta de consenso entre os estados e a necessidade de um debate mais amplo.
Cláudio Castro (PL) afirmou que o encontro não tratou do mérito do projeto, mas das dificuldades enfrentadas pelos estados na condução das políticas de segurança pública. Segundo ele, Hugo Motta demonstrou disposição para negociar a prorrogação do prazo e se comprometeu a conversar com Derrite e outros líderes partidários sobre o tema.
Romeu Zema (Novo) defendeu que o projeto avance ainda mais no fortalecimento da autonomia dos estados, sugerindo inclusive a criação de um novo texto em uma segunda etapa legislativa. Já Jorginho Mello (PL) argumentou que a proposta deve ser aprovada ainda este ano, antes do recesso parlamentar, mas reconheceu que o diálogo é essencial para que o texto não seja votado de forma precipitada.
A articulação marca mais um passo na consolidação de uma frente política de governadores de oposição em torno da pauta da segurança — tema que vem intensificando o embate entre o Planalto e os estados. O movimento também reforça o papel do recém-criado Consórcio da Paz, bloco formado por governadores de direita para coordenar ações conjuntas contra o crime organizado e defender maior autonomia federativa na área de segurança pública.
A proposta relatada por Derrite, que restringe parte das competências da Polícia Federal e amplia o protagonismo das polícias estaduais, tem sido vista como um símbolo dessa disputa entre o governo Lula e os governadores. O grupo oposicionista quer transformar o debate sobre segurança em uma bandeira política comum, capaz de unificar lideranças regionais e ampliar o confronto com o Planalto no Congresso.