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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
mais caro na educação

Diferença de mensalidades em escolas de Goiânia chega a quase 150% para 2026

Reajustes ultrapassam a inflação. Famílias goianienses buscam alternativas para manter os filhos matriculados

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 13 de novembro de 2025
Mensalidades
Foto: Freepik

Com o fim do ano se aproximando, pais e responsáveis em Goiânia enfrentam a mesma preocupação: quanto vão custar as mensalidades escolares em 2026. Uma pesquisa comparativa do Procon Goiás, realizada entre os dias 27 e 31 de outubro, concluiu que os preços nas 44 escolas pesquisadas variam de forma expressiva — em alguns casos, em até 148,64%. Em outras palavras, a mesma série pode custar hoje menos da metade em uma instituição e mais do que o dobro em outra, dependendo da região e do colégio.

Para fazer o levantamento, os técnicos dividiram a Capital em quatro regiões — norte, centro-oeste, sul e sudoeste — e coletaram in loco os valores praticados sem descontos. 

Assim, o levantamento permite comparar diretamente preços e identificar turmas com maior oscilação. Embora fatores como infraestrutura, metodologia e atividades extracurriculares expliquem parte das diferenças, o Procon ressalta que essa disparidade exige atenção dos consumidores e transparência das escolas.

Quais turmas mais variaram e onde?

A maior diferença encontrada ocorreu no 3º ano do ensino médio na Região Norte, com variação de 148,64%: as mensalidades pesquisadas oscilaram entre R$ 1.324 e R$ 3.292,01. Ainda na Região Norte, o maternal II registrou flutuação de 145,81%, com valores entre R$ 836 e R$ 2.055. Esses números revelam que, mesmo em séries iniciais, o impacto no bolso das famílias pode ser grande.

Na Região Centro-Oeste, a maior oscilação apareceu no 9º ano do ensino fundamental (vespertino), com 104,84% de diferença, variando de R$ 1.157 a R$ 2.370. Já na região Sul, a maior variação alcançou pouco mais de 103% na 1ª série do ensino médio, onde as mensalidades vão de R$ 2.068 a R$ 4.200. Por fim, no Sudoeste a maior amplitude foi de 87,28% na 5ª série do ensino fundamental, entre R$ 1.194,50 e R$ 2.237.

O levantamento também avaliou as escolas bilíngues, concentradas no Setor Marista. Mesmo entre instituições do mesmo segmento, a diferença se mostrou relevante: por exemplo, a mensalidade do 6º ano variou de R$ 2.975 a R$ 3.697,29, uma variação de 24,28%.

Além das diferenças nominais entre estabelecimentos, a pesquisa analisou a variação entre os preços médios de 2025 e 2026. Em várias séries, o aumento ultrapassou a inflação acumulada — em alguns casos por larga margem. 

Na Região Norte, o 6º ano (vespertino) registrou incremento médio de 37,39%. Na Região Sudoeste, o maternal V subiu 42,06% em média. Esses saltos mais acentuados explicam a expectativa de reajustes que, segundo especialistas, em Goiânia podem variar entre 10% e 12% em média e chegar a 15% em instituições com mensalidades historicamente mais baixas.

Especialistas consultados pelo Procon e representantes do setor explicam que os reajustes das mensalidades decorrem de três fatores principais: a inflação acumulada, o reajuste salarial de professores e funcionários, e investimentos em tecnologia e programas pedagógicos. 

Além disso, muitas escolas ainda enfrentam os efeitos econômicos da pandemia, endividamento e aumento da inadimplência, o que pressiona a necessidade de recuperar margem financeira.

Reajuste nas mensalidades pressiona orçamento e faz famílias repensarem matrículas

9 abre 2 Procon Goias

O aumento das mensalidades tende a afetar diretamente o orçamento das famílias, especialmente aquelas de renda média e baixa. Segundo economistas, reajustes entre 10% e 15% significam, na prática, cortes em outros itens do orçamento familiar — lazer, alimentação fora de casa e transporte podem sofrer redução. Em alguns casos, as famílias migram seus filhos para colégios mais acessíveis, o que altera o mercado e a dinâmica das turmas.

A jovem Nicole Cristina, mãe de uma bebê de um ano e meio, é um exemplo de como o reajuste pode interferir nos planos familiares. Ela conta que pretendia matricular a filha no maternal ainda em 2025, acreditando que o contato com outras crianças estimula o aprendizado e a socialização.

“Eu queria colocar minha filha na escola para ela começar a se desenvolver, mas com esses valores, fica difícil. Vou pesquisar outras opções, e se o preço continuar alto, talvez adie a matrícula”, desabafa. 

Nicole também explica que precisará reorganizar o orçamento doméstico e reduzir alguns gastos para tentar manter o planejamento. “A gente quer o melhor para os filhos, mas a realidade pesa. É frustrante ver a educação se tornando tão caro”, completa.

Em meio a esse cenário, o Procon Goiás orienta pais e responsáveis a exigirem transparência. Pela Lei 9.870/1999, as escolas devem apresentar planilha de custos operacionais que justifique o reajuste. Como salários, encargos, manutenção, investimentos pedagógicos e reposição da inflação são itens que compõem essa planilha. Portanto, antes de confirmar a matrícula, peça o documento, análise o que está incluído na mensalidade (agenda, sistema de ensino, materiais, atividades extracurriculares) e guarde contrato e comprovantes de pagamento.

Além disso, o órgão recomenda negociar descontos, avaliar alternativas como bolsas parciais ou planos diferenciados, e checar cláusulas sobre multa e desistência. Em caso de cobrança abusiva, negativa de informação ou prática irregular, o consumidor deve registrar denúncia no site do Procon Goiás ou procurar atendimento presencial.

Por isso, especialistas aconselham planejamento antecipado: calcular o impacto anual do reajuste, negociar condições de pagamento com a escola e avaliar alternativas públicas e privadas. Para famílias com mais de um filho, perguntar por descontos familiares pode reduzir o custo total. Em períodos de rematrícula, questionar quais serviços e atividades justificam o preço ajuda a identificar cobranças desnecessárias.

Além das medidas individuais, associações de pais e conselhos escolares ganham relevância. Unidos, os responsáveis conseguem pressionar por maior clareza nas contas e até articular acordos coletivos com as instituições. 

Ainda assim, a reportagem constatou que nem todas as escolas divulgam detalhadamente os critérios de composição do preço, o que dificulta a comparação e aumenta a sensação de insegurança entre os consumidores.

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