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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
INSS

CPMI: filho de ex-diretor do INSS e o escândalo do novo capítulo

Eric Douglas Martins Fidelis, advogado, usou habeas corpus concedido por Fux para permanecer em silêncio

Paula Costapor Paula Costa em 13 de novembro de 2025
INSS
Eric Fidelis ficou em silêncio amparado por decisão de Fux; operação já identificou R$ 1,6 bilhão em descontos ilegais. (Crédito: agência Câmara)

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), acusou nesta quinta-feira (13) o advogado Eric Douglas Martins Fidelis de atuar como intermediário no pagamento de propinas dentro do esquema de fraudes em aposentadorias e pensões. Eric, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis, compareceu à comissão amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), e permaneceu em silêncio durante a maior parte da sessão.

Segundo Gaspar, associações investigadas por cobranças indevidas de mensalidades em holerites de aposentados teriam pago propina a André Fidelis para obter autorização de descontos automáticos na folha do INSS. O ex-diretor, preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira durante a nova fase da Operação Sem Desconto, é apontado como o gestor que mais firmou acordos de cooperação técnica (ACTs) na história do órgão – 14 ao todo, que teriam resultado em cerca de R$ 1,6 bilhão em descontos indevidos.

Em sua breve manifestação, Eric Fidelis afirmou ter atuado com “ética profissional” e destacou seus dez anos de experiência em direito previdenciário. A CPMI segue apurando o envolvimento de servidores, advogados e entidades em um dos maiores esquemas de fraudes já identificados no sistema previdenciário brasileiro. “Sempre atuei conforme o Estatuto da OAB. O escritório tem mais de uma centena de clientes, entre pessoas físicas, empresas e sindicatos”, declarou no plenário.

O pai dele, o ex-diretor André Fidelis, que foi demitido do INSS, seria, segundo as investigações, o canal que as entidades teriam para conseguir assinar os convênios e, a partir daí, descontar parte das pensões e das aposentadorias dos beneficiários do INSS.

Durante a sessão, Gaspar ressaltou que as prisões realizadas pela PF atenderam a pedidos da comissão e elogiou a atuação do ministro André Mendonça, do STF, por dar “uma grande resposta à população”. A CPMI também aprovou a convocação do deputado estadual Edson Cunha de Araújo (PSB-MA), investigado na mesma operação, e a quebra de seus sigilos bancário, telemático e fiscal. A medida ocorre após o vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), afirmar ter sido ameaçado por Araújo e solicitar proteção à Polícia Legislativa.

A motivação central da operação são descontos feitos ilegalmente nos contracheques dos aposentados, descontos por associações. O Senado aprovou nesta quarta-feira (12) o projeto de lei que proíbe descontos feitos por associações em benefícios pagos pelo INSS, mesmo quando há autorização dos beneficiários. A proposta, de autoria do deputado federal Murilo Galdino (Republicanos-PB), foi apresentada em 2024, antes do escândalo revelado pela Operação Sem Desconto, mas ganhou força política após o início das investigações — que já estão em sua quarta fase. O texto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ainda não há sinalização do Palácio do Planalto sobre possíveis vetos.

A aprovação é vista como um desdobramento direto das denúncias que apontaram milhares de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, feitos sem consentimento dos beneficiários. Segundo as investigações, a quantidade de autorizações formais era mínima diante do volume de cobranças realizadas, o que levou o Congresso a acelerar a tramitação do projeto. A medida também reflete o trabalho da CPMI do INSS, que vem apurando as fraudes no sistema de benefícios previdenciários.

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