Busca por partidos menores cresce com desafios na eleição de deputados
Ao O HOJE, deputado estadual avalia desafios da reeleição, explica por que parlamentares migram para partidos menores e projeta expansão do Democratas 35 após mudança de nome
Bruno Goulart
A reeleição dos deputados estaduais em 2026 deve enfrentar um cenário marcado por um problema que, segundo Gugu Nader (Avante), ganhou força nos bastidores: o chamado canibalismo eleitoral. Vice-presidente do Democratas 35 — novo nome do Partido da Mulher Brasileira (PMB), cuja mudança ainda aguarda autorização definitiva da Justiça Eleitoral —, o parlamentar detalha os desafios da próxima disputa, a formação de chapas competitivas e os motivos que têm levado políticos com mandato a buscar partidos menores.
Para começar, Gugu define o conceito que ele próprio popularizou. De acordo com o deputado, canibalismo eleitoral ocorre quando “há muitos candidatos dentro de uma mesma chapa, todos disputando o mesmo espaço”. “Quando se tem muito peixe em um tanque e não tem comida, eles começam a comer um ao outro.” Em outras palavras, partidos com grandes listas tendem a dividir votos internamente, o que dificultaria a eleição até de nomes fortes.
Além disso, Gugu Nader destaca que a montagem das chapas é hoje o maior desafio da atual legislatura. Com a redução no número de candidatos dispostos a concorrer, a disputa se afunila. “Está tendo escassez de candidaturas. Minguou. Quem concorria, agora apoia quem tem mandato. Os que perderam estão anexados ao projeto de um candidato”, avalia. Assim, afirma o deputado, tornam-se frequentes situações nas quais, “em todos os partidos que estão montando chapa, já há dois ou três medalhões”.
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No Democratas 35 não é diferente. O próprio Gugu Nader figura entre os nomes de peso. O parlamentar foi eleito em 2022 com 21.743 votos, 20.640 apenas em Itumbiara, onde alcançou a maior votação já registrada por um candidato a deputado estadual no município. A sigla ainda deve receber outros nomes experimentados, como os ex-deputados Veter Martins e Cristóvão Tormin, além do ex-prefeito de Trindade e presidente estadual da legenda, Ricardo Fortunato.
Partido espera eleger quatro deputados
Ao analisar o cenário futuro, Gugu ressalta que “hoje não se elege mais ninguém com menos de 25 mil votos”. Para o deputado, a meta do Democratas 35 é ousada. “Vamos trabalhar para fazer quatro deputados. Vamos passar dos 220 mil votos. Faremos dois pelo quociente partidário e o restante pela sobra.” Nesse ponto, o deputado reconhece que a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as sobras eleitorais, agora distribuídas a todos os partidos, independentemente de atingir a antiga regra dos 80/20, beneficiou especialmente as siglas menores, que passaram a ter mais chances de aproveitar votos residuais.
Essa mudança, segundo Nader, explica por que deputados com mandato têm migrado para partidos médios ou pequenos. Somado ao desgaste das grandes legendas e ao risco do canibalismo eleitoral nas chapas maiores, muitos parlamentares têm buscado siglas que ofereçam mais espaço interno e melhores condições de cálculo eleitoral. Nesse sentido, o deputado avalia que partidos como o Democratas 35 apresentam um ambiente competitivo, porém viável.
Alego em 2027
Por fim, o deputado brinca com a possível configuração da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), que, segundo Gugu Nader, passará a ser organizada metaforicamente por tamanhos de chapas a partir de 2027: o “chapão”, com partidos grandes como MDB e União Brasil, a “chapa”, representada por siglas medianas como o PRD, e a “chapinha”, onde se encontra o Democratas 35. Seu objetivo, contudo, é claro: transformar a chapinha em um projeto consolidado e influente em 2026. (Especial para O HOJE)