O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Pesquisa

Tarcísio amplia alcance eleitoral para 2026 e adequação do discurso deve ser desafio

Pesquisa aponta que o governador de São Paulo reúne apoiadores que fizeram escolhas opostas em 2022 e que adaptação do discurso para angariar eleitores de espectros diferente será obstáculo  

Thiago Borgespor Thiago Borges em 17 de novembro de 2025
Tarcísio amplia alcance eleitoral para 2026 e adequação do discurso deve ser desafio
Foto: Pablo Jacob/Governo de SP

À medida que o tabuleiro político se intensifica com a proximidade da disputa eleitoral de 2026, a posição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ganha contornos que o diferenciam do grupo político ao qual está mais diretamente associado. Cotado como principal herdeiro do capital eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio aparece como o nome da direita que consegue atravessar fronteiras políticas, inclusive entre eleitores que rejeitam o ex-chefe do Executivo.

Uma pesquisa recente intitulada “A Cara da Democracia 2025” mostrou, a partir de um cruzamento dos dados feitos a pedidos do Estadão, que a diferença está na composição da base que declara simpatia pelo chefe do Executivo paulista. Embora siga majoritariamente alinhado ao bolsonarismo, o grupo não é uniforme: entre os que dizem “gostar ou gostar muito” de Tarcísio, mais de um quinto (22%) afirma ter votado no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno de 2022. No mesmo recorte, 65% votaram em Bolsonaro e pouco mais de 10% não participaram da eleição ou anularam o voto.

Essa presença de eleitores lulistas entre os simpatizantes de Tarcísio o coloca em uma posição inédita para um nome competitivo da direita pós-2018. Enquanto Bolsonaro manteve uma base extremamente fiel, mas restrita, o governador começa a transitar por áreas tradicionalmente inacessíveis ao ex-presidente.

O contraste aparece com nitidez quando o dado é filtrado pelo humor em relação ao governo federal. Entre brasileiros que avaliam a gestão Lula como “ótima”, a rejeição a Bolsonaro permanece elevada, já que nove em cada dez dizem não gostar do ex-presidente. Já Tarcísio encontra um ambiente menos hostil. Nesse grupo, 64% afirmam não ter simpatia pelo governador — número alto, mas não quase absoluto como o de Bolsonaro — e outros 15% mantêm opinião neutra.

Leia mais: PF indicia ex-ministro Silvio Almeida por suspeita de importunação sexual

A faixa neutra desperta atenção. Trata-se de um eleitorado que não aderiu ao governador, mas também não descartou totalmente seu projeto político. Em um cenário eleitoral ainda indefinido, essa parcela pode se tornar decisiva tanto para consolidar quanto para barrar a viabilidade de Tarcísio como alternativa nacional.

A capacidade do governador de São Paulo de circular entre segmentos que não toleram o ex-presidente pode ser decisiva para reconfigurar o espaço da direita. A administração em São Paulo, que tenta se apresentar como técnica e moderada, tem servido de vitrine para esse movimento.

Heterogeneidade pode ser obstáculo para Tarcísio

A heterogeneidade de sua base, porém, é também um desafio. Ao tentar se afastar do estilo confrontativo de Bolsonaro, Tarcísio busca ampliar seu alcance sem perder o núcleo bolsonarista, que segue numeroso e exigente — e com ressalvas ao governador. A equação envolve acertar o discurso para que fique longe o bastante para conquistar quem rejeita Bolsonaro e perto o suficiente para não provocar retaliações no campo conservador.

Os dados do cruzamento indicam que, até aqui, o governador consegue dialogar com públicos que tiveram divergência eleitoral em 2022. A dúvida permanece sobre até onde esse movimento pode chegar.

O estudo “A Cara da Democracia de 2025” entrevistou 2,5 mil pessoas presencialmente, entre os dias 17 e 26 de outubro. A pesquisa possui uma margem de erro de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O levantamento, financiado pelo CNPq e pela Fapemig, contou com a colaboração de pesquisadores da UFMG, Unicamp, UnB, Uerj e Enap.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Tags:
Veja também