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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
De olho em 2026

Caiado tenta furar bolha e virar presidenciável

Com entregas no interior, segurança pública como bandeira e agenda social reforçada, Ronaldo Caiado entra na reta final de governo calibrando imagem e alianças; especialistas apontam que 2026 marcará continuidade da estratégia, mas a visita a Bolsonaro pode definir se ele avança ou fica pelo caminho

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 17 de novembro de 2025
Caiado tenta furar bolha e virar presidenciável
Foto: Walter Folador

Bruno Goulart

A transição de Ronaldo Caiado (União Brasil) de governador de Goiás para pré-candidato à Presidência tem ocorrido sem solavancos — e, segundo analistas, com uma estratégia de “continuidade reforçada”. Enquanto prepara a entrega do cargo ao vice Daniel Vilela (MDB), em abril de 2026, Caiado amplia sua presença nacional e turbina agendas pelo Estado, num movimento que combina exposição e resultados.

Algumas agendas ilustram essa calibragem. Primeiro, Caiado levou ao Rio de Janeiro e ao Congresso Nacional a pauta que escolheu como eixo de sua pré-campanha: a segurança pública. O tema, que sempre integrou seu discurso, ganha hoje contornos de plataforma nacional, apresentada a governadores, parlamentares e lideranças de direita.

Neste fim de semana, em Goiânia, o governador inaugurou o tradicional Natal do Bem no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), marca de seu governo, para reforçar a imagem de gestor próximo às políticas sociais. A cerimônia contou com a presença da primeira-dama Gracinha Caiado, coordenadora do Goiás Social.

Leia mais: Quais são os ganhos de Daniel por apostar no Entorno

Caiado também esteve no Entorno do Distrito Federal, onde abriu uma nova edição do Goiás Social em Luziânia. Benefícios como Mães de Goiás, Dignidade, Goiás por Elas e Crédito Social foram entregues a milhares de famílias — ação que a equipe considera essencial para manter o governador presente entre públicos estratégicos.

O que muda a partir de 2026 para Caiado?

Na visão do mestre em História e especialista em Políticas Públicas, Tiago Zancopé, as mudanças serão menos bruscas do que muitos imaginam. “A única coisa que eu vejo de mudança é uma intensificação nos meses de janeiro a março para que ele participe de entregas do governo”, afirma. Segundo ele, Caiado tende a ocupar ainda mais o interior do estado, inaugurando obras e serviços — uma espécie de “despedida ativa”.

Além disso, não há sinais de ruptura na estratégia. O governador deve manter a agenda nacional, visitando estados e reforçando a imagem de gestor experiente, ao mesmo tempo em que preserva forte presença regional.

Visita a Bolsonaro

O encontro marcado para 9 de dezembro com Jair Bolsonaro é apontado como um divisor de águas. Zancopé destaca duas possibilidades: Bolsonaro pode incentivar Caiado a seguir no jogo, mantendo seu nome como opção da direita; ou pode sinalizar preferência por outro aliado, como Tarcísio de Freitas.

Para Zancopé, porém, a tendência é de manutenção do apoio informal. “Eu imagino que Bolsonaro vai continuar falando para o Caiado tentar se viabilizar. Não vejo cavalo de pau.”

Já o especialista em marketing político Luiz Carlos Fernandes é mais cético. Ele lembra que Caiado enfrenta desafios expressivos na direita nacional: “Mais de 50% do eleitorado não conhece Caiado; cerca de 30% conhece e não votaria nele. Sobrariam uns 20%, que se confundem com não-votos.”

Fernandes destaca outro ponto: Bolsonaro ainda detém cerca de 30% do eleitorado de direita e extrema-direita. E essa fatia precisa ser dividida com Tarcísio, Zema, Ratinho e o próprio Caiado. “Deles, Caiado é o menos querido das elites, da mídia e, acho, até do próprio Bolsonaro, que não perdoou as rusgas da pandemia e da eleição de 2024 em Goiânia”, completa.

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