COP30: Alckmin afirma que “tempo das promessas passou”
Ministros abrem fase final da COP30 enquanto Lula fala em COP da verdade e indígenas marcham por justiça do clima
A segunda semana da COP30 começou com a chegada de representantes de alto escalão e a abertura da plenária de alto nível, nesta segunda-feira (17), reunindo cerca de 160 ministros e delegações de diversos países. O encontro ocorre na etapa final da conferência e concentra debates sobre financiamento para ações climáticas, parâmetros de adaptação e mecanismos de implementação e monitoramento das metas de redução de emissões que contribuem para o aquecimento global. A plenária foi aberta pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Durante a sessão, Alckmin afirmou que o Brasil busca acelerar a transição energética para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Ele declarou que “o tempo das promessas já passou” e defendeu que a COP30 precisa “marcar o início de uma década de aceleração e entrega”. O vice-presidente afirmou que a Amazônia deve demonstrar que é possível “crescer, produzir e conservar ao mesmo tempo” e propôs que a conferência deixe como legado mapas de ação integrados capazes de orientar essa mudança.
Lula chama evento de “COP da verdade”
Alckmin citou ainda metas como triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030. Ele afirmou que a capacidade renovável atual é metade do necessário para alcançar o compromisso e reiterou o objetivo de zerar o desmatamento ilegal no mesmo período. O vice-presidente mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que mobilizou bilhões de dólares em investimentos, e declarou que esse modelo busca aliar preservação, economia verde e justiça social. Segundo ele, “proteger a floresta é proteger as pessoas — porque a vida humana e a natureza são inseparáveis”.
Em outro evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a COP30 representa uma “revolução cultural” por promover a interação entre moradores da Amazônia e os visitantes. Ele declarou que Belém vive a “COP da verdade” e ressaltou que a cidade tem recebido pessoas de várias partes do mundo em um ambiente marcado por trocas culturais. Lula destacou que visitantes estão “bebendo as bebidas do Pará, comendo a comida do Pará e dançando e ouvindo um monte de músicas do Pará”. As declarações ocorreram no Palácio do Planalto, durante cerimônia de entrega do projeto de lei do Plano Nacional de Cultura ao Congresso.
Marcha Global Indígena pelo Clima
Paralelamente, indígenas e ativistas realizaram a Marcha Global Indígena pelo Clima. A mobilização começou às 7h30 em frente à Aldeia COP, estrutura montada na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA). O grupo seguiu em direção ao Bosque Rodrigues Alves com a mensagem “Não existe justiça climática sem os povos e sem os territórios indígenas”.

Organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e por entidades aliadas, a marcha reforçou reivindicações como demarcação imediata de terras, proteção integral dos territórios, desmatamento zero, fim da exploração de combustíveis fósseis e da mineração em áreas tradicionais e proteção dos defensores da terra. Os participantes pediram acesso direto e facilitado ao financiamento climático e participação efetiva nas decisões globais. Lideranças enfatizaram pautas que incluem o reconhecimento de uma NDC Indígena como compromisso concreto do Brasil na COP30.
Entre os convidados para acompanhar a mobilização estavam o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, as ministras Sonia Guajajara, Marina Silva e Margareth Menezes e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos.