Trump retira tarifa de 40% sobre produtos agrícolas brasileiros após conversa com Lula
Carnes, café, cacau, frutas, vegetais e fertilizantes estão entre os itens liberados; tarifaço segue valendo para setores como máquinas, aço e autopeças
A Casa Branca publicou, nesta sexta-feira (14/11), uma ordem executiva que zera a tarifa adicional de 40% aplicada pelos Estados Unidos sobre diversos produtos agrícolas brasileiros. A medida vale para itens como carne bovina fresca, resfriada ou congelada, cacau, café, frutas, vegetais, nozes e fertilizantes.
A decisão representa uma flexibilização do chamado tarifaço, instituído no Decreto Executivo 14.323. Uma semana antes, Washington já havia retirado tarifas globais de 10%, mas ainda mantinha o adicional de 40% para parte das exportações brasileiras.
Conversa entre Trump e Lula abriu caminho
Segundo o texto da ordem executiva, houve “progresso inicial” nas negociações que começaram após uma conversa telefônica, em 6 de outubro, entre o presidente Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Casa Branca afirma que, com base em avaliações de órgãos de comércio e segurança, determinados produtos não representam mais risco à “emergência nacional” declarada por Trump ao impor as tarifas. Por isso, alguns itens foram excluídos da sobretaxa.
A medida vale para produtos que entraram no país a partir de 13 de novembro.
O que sai da tarifa de 40%
Entre os principais produtos liberados estão:
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Carne bovina (carcaças, cortes frescos, resfriados ou congelados)
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Frutas, vegetais, raízes e tubérculos (como tomate, chuchu e castanhas)
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Frutas diversas: coco, banana, abacaxi, laranja
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Sucos de laranja e de frutas cítricas
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Café, chá e especiarias
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Cacau e derivados
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Fertilizantes
O anexo divulgado pela Casa Branca inclui ainda uma lista extensa de outros insumos, como minérios, óleos minerais e componentes aeronáuticos.
O que ainda continua taxado
Apesar da flexibilização, grande parte dos setores brasileiros ainda segue sob a tarifa extra de 40%. Permanecem taxados:
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Máquinas e implementos agrícolas
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Veículos e autopeças
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Aço e derivados siderúrgicos
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Produtos químicos específicos
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Têxteis e calçados
O governo americano reforça que a emergência declarada continua em vigor, e que novas taxas podem ser aplicadas caso o Brasil “não atenda às exigências”. Órgãos como Tesouro, Comércio, USTR e Segurança Interna seguem monitorando a situação.
Reembolsos e impacto econômico
Empresas importadoras poderão solicitar reembolso de tarifas pagas indevidamente desde a entrada em vigor da nova regra. A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA será responsável por operacionalizar os pedidos.
Especialistas apontam que a decisão pode reduzir custos para exportadores brasileiros e aliviar pressões inflacionárias nos EUA, especialmente no setor alimentício, impactado pela sobretaxa de 40%.
Proposta brasileira em análise
O chanceler Mauro Vieira afirmou que o Brasil já enviou aos EUA uma “proposta geral” sobre o tarifaço. Ele não detalhou os pontos, mas disse esperar um acordo inicial até dezembro, que serviria de base para uma negociação mais ampla, com duração estimada entre dois e três meses.
Segundo Vieira, há sinais de que Washington pretende “virar a página” e estabilizar a relação comercial. O senador Rick Rubio, aliado de Trump, teria transmitido a mensagem de que o presidente norte-americano quer “resolver rapidamente” o impasse e manter boa relação com o governo Lula.