O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Inflação goiana

Disparo da energia elétrica eleva custo de vida e coloca Goiânia entre as maiores inflações do Brasil

Habitação lidera alta do IPCA-15 em novembro, quedas em transportes e alimentos aliviam parte da pressão, mas impacto sobre famílias e empresas permanece elevado

Letícia Leitepor Letícia Leite em 27 de novembro de 2025
4 abre Divulgacao Equatorial Goias
A Capital goiana registrou alta de 0,56%, a segunda maior entre as 11 áreas pesquisadas. Foto: Divulgação/Equatorial Goiás

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do País, voltou a subir em novembro e colocou Goiânia entre as cidades com maior pressão inflacionária no Brasil. A Capital registrou alta de 0,56%, a segunda maior entre as 11 áreas pesquisadas. 

Esse é o terceiro mês seguido de avanço, após recuos em julho e agosto. No acumulado de 2025, Goiânia chega a 4,44%, e em 12 meses, 4,80%, ambos acima das médias nacionais.

O grupo Habitação, que avançou 4,28%, foi o principal responsável pelo movimento. A energia elétrica residencial disparou 14,04% somente em novembro, acumulando quase 21% no ano, resultado de reajustes tarifários e aumento de custos do setor. 

Para o superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Goiás, Edson Vieira, o impacto sobre as famílias é direto e imediato. Segundo ele, o aumento reduz a renda disponível, especialmente entre consumidores “que consomem mais eletricidade, casas com ar-condicionado, bombas de água, eletrodomésticos, tendem a ter uma renda disponível menor para realização de outros tipos de despesas”.

Vieira também destaca o efeito indireto sobre a economia local: com energia mais cara, estabelecimentos comerciais e pequenos produtores enfrentam custos operacionais maiores, especialmente em iluminação, refrigeração, preparo de alimentos e maquinaria. 

O economista Luiz Carlos Ongaratto avalia que o reajuste foi determinante para o salto da inflação. Segundo ele, empresas terão de decidir entre absorver parte do aumento ou repassá-lo aos consumidores. “A possível alternativa seria a migração da conta de energia para o modelo de geração distribuída, participando de cooperativas de geração, tendo potencial redução de 15% ou mais na conta”, afirma.

Em sentido oposto, o grupo Transportes, de maior peso no cálculo do índice na Capital, apresentou queda de -0,52%. O movimento foi influenciado pelo recuo nos preços da gasolina e do etanol, o que trouxe alívio parcial ao orçamento das famílias. Vieira explica que como o peso de Transportes é elevado, a queda ajuda a compensar parte do aumento registrado em Habitação.

“Isso acaba sendo positivo, haja vista que são dois grupos que possuem grande peso nos gastos das famílias e, por isso, são relevantes para determinar a renda disponível. Isso porque, o aumento dos preços do grupo de Habitação pode ser compensado em parte pela queda dos preços do grupo de Transportes”, complementa.

O grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,19%, mas importantes itens registraram queda, como frutas, panificados, tubérculos, leite e derivados. Esse comportamento contribuiu para moderar a inflação e impedir que o índice fosse ainda maior.

Principais responsáveis pela inflação acumulada em Goiânia

Goiânia
Foto: Marcelo Camargo/ABr

No período de 12 meses, os principais responsáveis pela inflação acumulada em Goiânia são Habitação (8,62%), Transportes (3,68%) e Alimentação e Bebidas (3,59%). Esses grupos representam as maiores fatias do orçamento familiar e, por isso, qualquer oscilação tem impacto expressivo no custo de vida. 

As projeções para os próximos meses, no entanto, são mais positivas. Vieira destaca que não há previsão de novos reajustes de energia no curto prazo e que os combustíveis devem permanecer estáveis ou até recuar, favorecidos pela valorização do real. “Se isso acontecer, a inflação local tende a desacelerar até o final do ano”, diz.

Ongaratto reforça a tendência: “Com a taxa de juros conseguindo controlar a inflação, e voltando ao centro da meta, há perspectivas de queda de juros e, em breve, beneficiar o crescimento econômico”.

Além das pressões imediatas, os especialistas destacam que a inflação elevada em grupos essenciais altera também o comportamento de médio prazo da economia goianiense. Com o orçamento comprimido, famílias passam a buscar marcas mais baratas, substituem produtos e reduzem a frequência de gastos fora de casa, o que impacta diretamente setores como bares, restaurantes, serviços pessoais e comércio varejista. 

Para as empresas, o cenário exige adaptação: muitas começam a investir em equipamentos mais eficientes, renegociar contratos e rever estratégias de formação de preços para evitar perda de competitividade. 

Esse conjunto de ajustes, somado às perspectivas de acomodação inflacionária e possível redução dos juros em 2026, deve definir o ritmo da retomada do consumo e do crescimento econômico na Capital nos próximos meses, especialmente em segmentos que dependem fortemente do poder de compra das famílias.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Tags:
Veja também