Festas concentram infartos ligados à Síndrome do Coração de Feriado
Excessos alimentares, álcool e estresse ajudam a explicar picos de eventos cardíacos entre o Natal e o Réveillon
O período entre o Natal e o Réveillon concentra um aumento de eventos cardiovasculares, segundo dados observados em diferentes países e confirmados por especialistas. A combinação típica das festas de fim de ano — refeições ricas em gordura e sal, consumo elevado de álcool, noites mal dormidas e interrupções no uso regular de medicamentos — cria um ambiente fisiológico propício para infartos, arritmias e acidentes vasculares cerebrais, inclusive em pessoas sem diagnóstico prévio de doenças cardíacas, fenômeno associado à Síndrome do Coração de Feriado, condição desencadeada por excessos agudos típicos das festas de fim de ano.
A Síndrome do Coração de Feriado descreve alterações do ritmo cardíaco provocadas principalmente pelo consumo concentrado de álcool em curto espaço de tempo, somado a refeições ricas em gordura e sal, noites mal dormidas e interrupção de medicamentos de uso contínuo. O resultado é um cenário fisiológico desfavorável que pode atingir inclusive pessoas sem diagnóstico prévio de doença cardíaca.

Evidências que sustentam a Síndrome do Coração de Feriado
Um estudo sueco publicado em 2018 analisou 283 mil casos de infarto ao longo de 15 anos e identificou que o risco de infarto na véspera de Natal é até 37% maior do que em dias comuns. O pico ocorreu por volta das 22h do dia 24 de dezembro, horário associado ao encerramento das ceias e ao maior consumo de álcool. Idosos e pessoas com diabetes ou doença coronariana figuraram entre os grupos mais vulneráveis, reforçando o padrão da Síndrome do Coração de Feriado.
Os pesquisadores observaram que datas como Páscoa ou grandes eventos esportivos não apresentaram elevação semelhante, o que indica que o aumento não é aleatório, mas diretamente ligado aos hábitos específicos do período natalino.
Como o organismo reage aos excessos
Do ponto de vista fisiológico, o álcool interfere no sistema elétrico do coração, ativa o sistema nervoso simpático e provoca desequilíbrios de eletrólitos, favorecendo batimentos irregulares. Refeições pesadas ampliam a pressão arterial, aumentam a inflamação sistêmica e sobrecarregam o sistema cardiovascular. Esse conjunto de fatores sustenta o mecanismo da Síndrome do Coração de Feriado.
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, atualizadas em 2025, tornaram mais rigorosas as metas de colesterol e pressão arterial justamente por reconhecer que pacientes considerados estáveis podem se descompensar diante de estressores agudos como os das festas.
Prevenção exige escolhas conscientes
Entidades internacionais reiteram que não existe nível seguro de consumo de álcool, especialmente quando concentrado. Limitar bebidas, evitar energéticos, reduzir sal e gorduras, manter hidratação, dormir adequadamente e não suspender medicamentos são medidas essenciais para reduzir o risco associado à Síndrome do Coração de Feriado.
Embora mais frequente em idosos e pessoas com comorbidades, evidências recentes mostram que adultos jovens também não estão imunes. A mensagem final é clara: celebrar não precisa significar excesso. A moderação segue sendo o principal antídoto contra a Síndrome do Coração de Feriado.

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