Os Correios precisam de R$ 10 bilhões para entregar em dia as correspondências que já estão atrasadas, no Paradoxo das Estatais. Mesmo assim, nossa equipe realizou um esforço descomunal e, num furo de reportagem, descobriu o que cada político pediu ao Papai Noel e o que realmente ganhou. Neste exercício bem-humorado de quem vê tudo numa bola de cristal, veja se foi merecido o que essas autoridades ouviram do bom velhinho.

Ministro Alexandre de Morais (STF). O que pediu – “Gostaria de voltar atrás e impedir o contrato de R$ 129 milhões do escritório da minha família com o Banco Master, nunca ter pedido ao presidente do Banco Central que validasse o negócio do Master com o BRB, nunca ter elogiado o Daniel Vorcaro para o Gabriel Galípolo, nunca ter pressionado a Polícia Federal sobre Vorcaro e Master”. O que ganhou – “Filho, eu sou o Papai Noel. O gênio da lâmpada é outro e foi privatizado para a Enel e a Equatorial”.

Governador Ronaldo Caiado (UB). O que pediu – “Meu aliado Noel, tá certo, passamos por muita coisa juntos nesses 76 anos de convivência. Fizemos tratoraço, nós em cima da colheitadeira e você em seu trenó, e agora só lhe peço uma coisa só: traga o PL para minha base em Goiás que é pra eu reeleger o Daniel Vilela no 1º turno”. O que ganhou – “Vou lhe dar uns 5 pontos na pesquisa para vitaminar sua corrida ao Palácio das Esmeraldas. Em nome dos velhos tempos de UDR, os discursos nacionais da segurança e do transporte público vão continuar sendo exclusivamente seus”.

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O que pediu – “No tocante a escrever com a mão nesse pedaço de papel de pão, é porque preciso de um documento auditável. Meu pedido é muito simples: gostaria que o ministro Alexandre de Moraes receba de presente tudo o que ele estiver desejando a mim neste momento”. O que ganhou – “Vou matar dois coelhos com uma só cajadada, presenteando o sr. e também a jornalista Malu Gaspar com as afirmações de interlocutores em Brasília enredando Moraes com o Master em pressões no Banco Central e na Polícia Federal. O sr. vai ter a melhor noite de Natal da sua vida, pra no dia seguinte estar tranquilo na cirurgia”.

Valdemar Costa Neto, presidente Nacional do PL. O que pediu – “Quero ter a maioria do Senado, ganhar para governador em 8 Estados e a Presidência da República, além de voltar a eleger 99 deputados federais para ter R$ 1 bilhão no Fundão Eleitoral para fazer campanha”. O que ganhou – “E eu preciso dos seis números da Mega da Virada para comprar R$ 1 bilhão em computadores para as crianças pobres”.

Prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB). O que pediu – “Quero ter a aprovação popular do Ronaldo Caiado e ser mão aberta igual ao Michel Temer”. O que ganhou – “Pelo que você está fazendo com Goiânia, vai continuar tendo a aprovação popular do Temer e sendo mão aberta igual ao Caiado”.

Vice-governador Daniel Vilela (MDB). O que pediu – “Quero reunir apoios da direita, do eleitor de centro e dos bolsonaristas, com o PL na minha chapa. Ah, e quero a Jataiense campeã goiana”. O que ganhou – “Vou começar pelo mais fácil: pode comprar a faixa para comemorar com a Jataiense”.

Ex-governador Marconi Perillo (PSDB). O que disse – “Fiz muito nos meus quatro mandatos e quero voltar ao Governo de Goiás para fazer muito mais, limpar minha biografia e justificar meu nome na sede do CT do Vila Nova”. O que escutou – “Você já foi beneficiado demais. Você perderia a presidência do PMDB Jovem. E ganhou. Não teria a menor chance de ser deputado estadual e o Henrique Santillo o elegeu. Tirei do caminho meu colega de infância Roberto Balestra e o elegi governador em 1998. Mas três milagres de uma vez são demais para mim”.

Sindicalista Delúbio Soares (PT). O que pediu – “Companheiro Papai Noel, aqui de barbudo para barbudo, quero que o PT eleja em Goiás quatro deputados federais”. O que ganhou – “Companheiro Delúbio, vocês gastaram todo o prestígio que tinham comigo lançando o Wolmir Amado para governador. Fiquei tão quebrado que neste período natalino estou tendo de colocar as renas para pastar nas ruas de Goiânia. Ainda bem que o Mabel deixou um capinzal danado na cidade toda”.

Senador Wilder Morais (PL). O que reivindicou – “Quero ser governador para realizar meus projetos desenvolvimentistas, fazer do meu Estado de Goiás um imenso canteiro de obras e preciso de sua ajuda para que os bolsonaristas reconheçam em mim o ideal para isso”. O que conquistou – “Deus já lhe deu muito, continua lhe dando muito e vai lhe dar muito mais, só que nos negócios. Quando chega na parte de política, ele repassa a responsabilidade para o povo, que é a voz Dele na terra. Próximo pedido”.

Presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Bruno Peixoto (UB, mas de saída para Avante, Agir, PSB, PDR). O que pediu – “Quero mais aviões para a Assembleia, mais dinheiro para cargos, mais Deputados Aqui”. O que ouviu – “Filho, eu o atendi nos Natais anteriores e deixei os Parlamentos do mundo inteiro sem nada porque ficou todo mundo aí de saco cheio”.

Carlo Ancelotti, técnico da Seleção Brasileira. O que falou – “Gostaria de levar o hexa para o Brasil, com Vini Jr., Neymar…” O que ouviu – “… Não precisa nem terminar a escalão. Se for nesse nível aí, vou treinar as minhas renas para o time do Polo Norte ganhar de vocês”.