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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
RETOMADA DA POSSE

Reconhecida, comunidade quilombola em Goiás quer saída de fazendeiros

Retomada interrompe processo de desmatamento, diz liderança

Bia Salespor Bia Sales em 26 de dezembro de 2025
fazendeiros
Mais de duas mil pessoas da comunidade esperam a etapa de desintrusão de ocupantes irregulares do local, incluindo fazendeiros do ramo da soja. (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)

A comunidade quilombola Mesquita, em Cidade Ocidental (GO), vai celebrar 280 anos de história com alívio em 2026. Isso porque o Instituto Nacional de Colonização reconheceu, no último dia 19, que a área total do território é de 4,1 mil hectares, 80% maior do que a que ocupa atualmente. ebcebcAgora, as cerca de 1,1 mil famílias (mais de duas mil pessoas) da comunidade esperam a etapa de desintrusão de ocupantes irregulares do local, incluindo fazendeiros do ramo da soja.

Contra o desmatamento

Segundo o morador Walisson Braga, liderança jovem quilombola, a retomada da posse tornará possível não somente reaver 80% do território, mas também interromper o processo de desmatamento dessa área do Cerrado cometido pelos grileiros e garantir segurança para os moradores.

A proteção da natureza e a exploração sustentável do meio estão ligados ao modo de vida da comunidade, segundo argumenta. “Esperamos que o reconhecimento das terras possa estimular que a comunidade volte a trabalhar na agricultura”, afirmou em entrevista à Agência Brasil

Ele contextualiza que, em função dos grileiros, moradores da comunidade tiveram que se submeter a subempregos longe de casa.

Wallison Braga disse que a comunidade recebeu com alívio a notícia e prepara uma grande celebração para a Festa do Marmelo, no próximo dia 11 de janeiro. O fruto representa, além de geração de renda para os agricultores locais, um símbolo de resistência diante das invasões nas redondezas. “Vai ser um momento para a gente comemorar essa vitória”.

Reparação histórica

Segundo o que o Incra argumentou, o território ocupado no século 18 foi fundamental para a construção da capital federal. “A publicação representa um importante passo para o processo de reparação histórica devida aos descendentes de escravizados, sobretudo aqueles que sofreram e ainda sofrem com a grilagem de suas terras”, reconheceu o Incra em nota.

Na nota, a chefe da Divisão de Territórios Quilombolas do Incra no Distrito Federal e Entorno, Maria Celina, argumentou que a decisão enfrenta a realidade das invasões na área ao longo dos anos. “Isto reduziu o acesso dos quilombolas a áreas de plantio, de morada e a interrupção de caminhos que tradicionalmente cortam o território”, avalia.

A superintendente regional do Incra, Claudia Farinha, ponderou que o reconhecimento assegura o direito à terra ancestral e protege as famílias da especulação imobiliária.

Segundo pesquisa antropológica, os quilombolas do Mesquita ajudaram a erguer as cantinas, hospedagens e refeitórios destinados aos migrantes que chegaram a Brasília. Além disso, foram responsáveis por uma parcela dos alimentos que abasteciam os canteiros de obra, quando quase não havia produção na região.

Fonte: Agência Brasil 

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