Política habitacional pode render embate entre Caiado e Lula
Programa do Estado é motivo para o governador se sobrepor ao Minha Casa Minha Vida, do petista
Quase R$ 1 bilhão de reais foram investidos em políticas habitacionais em Goiás e isso sustentou mais um argumento que o governador Ronaldo Caiado (UB) utilizou para refutar o presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por meio de uma comparação entre o programa Pra Ter Onde Morar, do Estado, com o Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.
Em resposta ao discurso de Lula sobre políticas habitacionais de sua gestão, Caiado fez críticas ao programa federal. “Aqui nós não entregamos aquelas casinhas com vários boletos da Caixa Econômica Federal e, no mais, os conjuntos ainda ficam totalmente sequestrados pelo narcotráfico. Aqui em Goiás, a gente entrega condomínio social com segurança plena para as pessoas viverem”, rebate o chefe do Executivo goiano.
O pré-candidato ao Palácio do Planalto completou sua fala ao dizer o porquê que o presidente não costuma visitar Goiás. “A diferença nossa é muito grande. Você não teve nem coragem de vir a Goiás porque você não tem nada a mostrar para o Estado”.

Acesse também: Fim da escala 6 por 1 e estímulo à livre negociação gera disputa entre base e oposição no Congresso
Já em seu último discurso transmitido em rede nacional, Lula não deixou de destacar o aprimoramento de seu programa que facilita o acesso à moradia à população vulnerável. “O Minha Casa Minha voltou, alcançou a classe média e está chegando também a reforma Casa Brasil, porque moradia digna é um direito fundamental que tem que ser garantido”, disse o presidente em pronunciamento realizado na véspera de Natal.

O “Pra Ter Onde Morar” de Caiado e de seu vice, Daniel Vilela (MDB), têm servido como um método estratégico de ambos para aproximarem ainda mais das cidades do interior do Estado como forma de garantir um eleitorado que faz a diferença nas urnas.
Cabe destacar que o programa estadual alcançou todas as regiões do Estado com entrega de moradias e por meio de outras ações como aluguel social e entrega de escrituras. A modalidade Casas a Custo Zero entregou 1.600 moradias em 35 municípios, com investimento de R$ 209,8 milhões em 2025, de acordo com levantamento da Agência Goiana de Habitação (Agehab).

Além de servir como estratégia eleitoral tanto para Vilela quanto para Caiado, o programa habitacional não só aproxima o governo estadual dos municípios do interior, mas também gera um possível apoio dos prefeitos ao Executivo, pois o investimento é derivado de ações do Estado, mas o espaço concedido para a construção das habitações é de responsabilidade das prefeituras.
Proximidade de Caiado com as prefeituras
Assim, a atuação dos prefeitos foi essencial no sentido de autorizarem e concederem espaço para a efetivação do programa habitacional que, hoje, serve tanto como projeto vitrine de Caiado e Daniel, quanto para sustentar futuros debates entre Caiado e seus adversários políticos quando o assunto for política habitacional.
“Goiás se tornou referência nacional em habitação porque trata moradia como política pública com resultado e responsabilidade. Hoje, essa política chega a municípios do interior que por muitos anos não recebiam atenção e investimento”, afirmou Vilela.

Ao dar continuidade ao discurso pró-governo, a presidência da Agehab destacou que a efetivação do programa foi possível devido ao trabalho conjunto com os municípios. “A Agehab, com sua expertise e trabalho em conjunto com os municípios, garante que a política habitacional do estado seja cada vez mais inclusiva e transformadora”.
Em entrevista ao O HOJE, o mestre em História e especialista em Políticas Públicas Tiago Zancopé explica a importância de um pré-candidato à eleição aliar-se às prefeituras. “Não podemos deixar de levar em consideração que um prefeito pode, ao final de seu expediente, fazer uma reunião com seus servidores e falar que apoia Daniel Vilela para o governo do Estado e Gracinha Caiado para o Senado. Fora do expediente um prefeito pode fazer uma reunião política”, pontua Zancopé ao fazer referência sobre ações estratégicas do Governo com municípios.